18 DE NOVEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
IMUNIZAÇÃO REFORÇADA
O surgimento da quarta onda da covid-19 na Europa, que outras vezes antecipou o que viria a ocorrer no Brasil, exige medidas e cuidados adicionais das autoridades nacionais para minimizar as chances de o país voltar a ter uma reversão na curva de casos, hospitalizações e mortes, hoje em trajetória de queda. Foi exatamente a partir das informações que chegam de nações do velho mundo que o Ministério da Saúde decidiu orientar pela aplicação de uma dose de reforço para toda a população acima dos 18 anos, uma estratégia que até agora vinha sendo adotada para idosos, profissionais da saúde e imunodeprimidos. O intervalo também foi diminuído de seis para cinco meses depois da segunda dose.
O governo federal e mesmo a pasta que está à frente do combate à enfermidade foram muitas vezes acusados de desleixo em relação à imunização em massa, a saída mais factível para debelar a pandemia. Neste momento, então, é preciso reconhecer a postura proativa do ministério, ao oferecer para uma parcela maior da população a possibilidade de fortalecimento do sistema imunológico, elevando a barreira individual e coletiva para a circulação do vírus. Na Europa, a vacinação progrediu antes na comparação com o Brasil e, por isso, especula-se que uma das razões para o novo avanço da covid-19 seria a diminuição das defesas do organismo com o tempo. O reforço vale para quem recebeu duas injeções e mesmo para os vacinados com a Janssen, de dose única.
Lançar mão de uma estratégia de dose adicional, no entanto, não deve ocorrer em prejuízo da necessidade de fazer com que mais brasileiros alcancem o esquema vacinal completo. Estimava-se que a imunidade de rebanho contra o novo coronavírus poderia ser obtida quando 70% da população fosse totalmente imunizada. A chegada da variante delta, considerada mais transmissível, elevou esse percentual para cerca de 90%. Embora com taxa superior à dos Estados Unidos, o que é significativo, o Brasil recém se aproxima dos 60%, abaixo do indicado. É preciso, portanto, reforçar as campanhas de conscientização e, se for necessário, empreender a busca ativa para elevar a porcentagem com a vacinação completa. Um dos trunfos do país, por outro lado, é a grande confiança dos brasileiros na eficácia e na segurança dos fármacos, em percentuais mais altos na comparação, por exemplo, com os EUA e muitas nações na Europa.
A partir da nova diretriz, espera-se a garantia da oferta suficiente de imunizantes, para que não faltem doses para completar o esquema e para o reforço e seja possível uma organização adequada do calendário por Estados e municípios. Será salutar, da mesma forma, se não surgirem novos desentendimentos entre os entes federados, para a campanha poder fluir de maneira mais harmoniosa e produtiva. O Ministério da Saúde estima que 21 milhões de brasileiros receberam apenas a primeira aplicação e não voltaram aos postos no período indicado. Outros mais de 100 milhões de adultos estariam aptos, a partir de agora, para receber a dose de reforço. Com a cobertura vacinal se ampliando e mais pessoas com o sistema imunológico fortalecido, o país ganha maior proteção contra novos e indesejados reveses.
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