3tentos investe R$ 170 milhões no RS e vê faturamento chegar a R$ 3,7 bilhões
João Marcelo Dumoncel diz que preservação ambiental passa pelo aumento da produtividade
MARCUS STENMEYER/DIVULGAÇÃO/JC - Cristiano Vieira
Ao registrar faturamento de R$ 3,7 bilhões até setembro deste ano, a 3tentos já superou com folga toda a receita do ano de 2020, que foi de R$ 3,11 bilhões. Sediada em Santa Bárbara do Sul, a gigante gaúcha do agro cresce, em média, 27% ao ano desde 2010, impulsionada pelos bons resultados das safras e das commodities, além de uma gestão eficiente. Fundada em 1995, a 3Tentos produz sementes, farinha de soja e biodiesel; vende fertilizantes e armazena e comercializa grãos. Comandada pelos irmãos Luiz Osório e João Marcelo Dumoncel, a companhia abriu capital na B3 em julho deste ano e levantou R$ 1,3 bilhão com o IPO. Com estes recursos, a 3tentos investiu R$ 170 milhões no Rio Grande do Sul neste ano – onde mantém 46 das 47 unidades existentes e dois parques industriais, em Ijuí e Cruz Alta. Também iniciou a expansão para o Mato Grosso, onde está construindo, ao custo de R$ 450 milhões, uma moderna unidade para recebimento de grãos, esmagamento de soja e produção de biodiesel. Na entrevista a seguir, João Marcelo, que preside o Conselho de Administração e também é vice-presidente de Operações, fala sobre os planos da 3tentos, as expectativas quanto as próximas safras e diz que o melhor negócio é aumentar a produtividade sem agredir o meio ambiente.
Ao registrar faturamento de R$ 3,7 bilhões até setembro deste ano, a 3tentos já superou com folga toda a receita do ano de 2020, que foi de R$ 3,11 bilhões. Sediada em Santa Bárbara do Sul, a gigante gaúcha do agro cresce, em média, 27% ao ano desde 2010, impulsionada pelos bons resultados das safras e das commodities, além de uma gestão eficiente. Fundada em 1995, a 3Tentos produz sementes, farinha de soja e biodiesel; vende fertilizantes e armazena e comercializa grãos. Comandada pelos irmãos Luiz Osório e João Marcelo Dumoncel, a companhia abriu capital na B3 em julho deste ano e levantou R$ 1,3 bilhão com o IPO. Com estes recursos, a 3tentos investiu R$ 170 milhões no Rio Grande do Sul neste ano – onde mantém 46 das 47 unidades existentes e dois parques industriais, em Ijuí e Cruz Alta. Também iniciou a expansão para o Mato Grosso, onde está construindo, ao custo de R$ 450 milhões, uma moderna unidade para recebimento de grãos, esmagamento de soja e produção de biodiesel. Na entrevista a seguir, João Marcelo, que preside o Conselho de Administração e também é vice-presidente de Operações, fala sobre os planos da 3tentos, as expectativas quanto as próximas safras e diz que o melhor negócio é aumentar a produtividade sem agredir o meio ambiente.
Jornal do Comércio - Com R$ 3,7 bilhões de receita até setembro, a 3tentos já superou o faturamento do ano passado. A que se deve essa alta expressiva?
João Marcelo Dumoncel - Há vários anos temos um desempenho crescente de receita e também em volume. De 2010 a 2020, tem sido de 27% ao ano, em média. Isso vem de um modelo de negócios baseado em expansão territorial e ampliação de market share. E seguimos nestas duas frentes em 2021. Já abrimos seis novas lojas este ano, todas no Rio Grande do Sul. São unidades que fornecem insumos ao agricultor e que também funcionam como local de recebimento dos grãos após a colheita. É essa dinâmica do barter que priorizamos.
Jornal do Comércio – Qual o volume de grãos recebido pela 3tentos no ano passado e a estimativa para 2021?
Dumoncel – Em 2020, chegamos a 1,4 milhão de toneladas de grãos, e nossa expectativa é fechar 2021 com um crescimento de 25% neste volume. Meio que vivemos uma ‘tempestade perfeita’, pois aumentou cotação de commodity e também aumentou a safra. Apenas no Rio Grande do Sul, a soja chegou a quase 22 milhões de toneladas. Claro que o preço recuou um pouco nas últimas semanas, mas isso tá muito em linha com desempenho geral do mercado.
JC – Quais os investimentos realizados no Rio Grande do Sul neste ano?
Dumoncel – são basicamente em três frentes: a duplicação da nossa indústria em Cruz Alta, a construção de uma usina térmica em Ijuí, que está em fase final de comissionamento, e a abertura das novas lojas. Somando, chegamos a cerca de R$ 170 milhões. A térmica terá capacidade para gerar até 5,5 MW. Temos um consumo de energia para esmagamento de soja e produção de biodiesel em Ijuí de cerca de 4,5 MW. No nosso plano de investimentos do IPO, que está em andamento, nossa previsão é chegar em 62 unidades no Rio Grande do Sul até o final de 2025.
JC – Como está o plano de expansão das unidades?
Dumoncel – Atualmente, temos 47 no total, sendo 46 no RS e uma no Mato Grosso, onde entramos este ano com uma unidade em Sinop. Nosso plano de expansão por lá está se intensificando. Estamos implantando, com investimento de R$ 450 milhões, uma nova fábrica para processamento de grãos e produção de biodiesel. Costumo dizer, brincando, que o Mato Grosso é o estado brasileiro mais próximo do Rio Grande do Sul, devido à intensa migração de gaúchos para lá e pela similaridade cultural.
JC - O Mato Grosso, hoje, é o maior produtor de soja do Brasil. Esse é um dos motivos de iniciar a expansão fora do RS por aquele estado?
Dumoncel – Não só isso. Estabelecemos um modelo de negócios no Rio Grande do Sul, com esse ecossistema de fornecer insumos, receber o grão e transformar esse grão em óleo e farelo de soja, além de produzir biodiesel. Estamos bem consolidados no RS e seguimos aumentando a produção. Dentro do nosso plano de expansão, o Mato Grosso surgiu como opção porque, além da produção de soja, já mantínhamos alguns negócios por lá, como aquisição de terras. A colonização gaúcha também foi um fator importante. É um estado com um potencial de plantio gigante e possibilita ainda fazermos hedge climático. Plantando em duas regiões diferentes, você consegue reduzir eventuais problemas climáticos em uma região ou outra. Não existe, historicamente, registro de crise climática no mesmo ano e ao mesmo tempo em duas regiões diferentes do País.
JC - Além da alta do preço do insumo, o mercado agrícola projeta uma escassez nos fertilizantes nos próximos meses. Como a 3tentos percebe essa questão?
Domoncel – Temos um planejamento para a safra 2021-22 e que se estende até 2022-2023. Existem sim restrições conjunturais quanto aos fertilizantes, como a crise energética da China e a questão geopolítica da Bielorússia. Alta do petróleo também influi, assim como a escassez de contêineres para importação no mundo. São várias coisas ao mesmo tempo que ajudaram a criar um cenário de alta de preço dos fertilizantes. Mais do que faltar, creio que o problema será a elevação do preço. Na 3tentos não temos falta de fertilizante, mas o custo é um desafio. Teremos fertilizantes para a safra inverno de 2022 e a de verão em 2023. Vai exigir um pouco da nossa parte quanto à questão tecnológica e, do produtor, um manejo mais racional dos fertilizantes. Os custos, em geral, têm subido muito. Creio que o principal insumo da safra 2022-2023 será o conhecimento exigido na hora do plantio, do manejo.
JC – A 3tentos também investe na produção de biodiesel, certo? É importante quando temos um cenário de escassez energética e de preocupação com os combustíveis fósseis...
Dumoncel – O Brasil tem um potencial agrícola gigante, e essa questão da bioenergia está inserida. O agronegócio se mostra resiliente, mesmo em momentos difíceis como a pandemia. As fontes alternativas, como o biodiesel, são bem-vindas, ainda mais no cenário que vivemos. Você tem aí uma questão governamental quanto ao percentual de mistura, mas o uso do biodiesel é uma pauta inquestionável. A nossa planta de Ijuí já passou por duas ampliações. Nossa capacidade, hoje, é de 850 mil litros por dia de biodiesel. No Mato Grosso, a nova fábrica já começará a operar com esse mesmo patamar. Então é uma aposta nossa na energia verde, que o mundo precisa. O Brasil também tem conseguido elevar safras com produtividade crescente, é outro fator importante. A melhor preservação ambiental é aumentar a produtividade, reduzindo uso de água, diminuindo os defensivos. Produzir mais alimentos em um cenário em que a população também cresce é um desafio.
JC – Pela capilaridade das unidades, a 3tentos está bem próxima do pequeno e médio agricultor gaúcho, desde o fornecimento do insumo até o recebimento do grão. A empresa presta assistência quanto a esse conhecimento?
Dumoncel – Temos hoje uma equipe de 135 engenheiros e de técnicos agrônomos, dando esse suporte direto na lavoura. Oferecemos um atendimento bem pulverizado com as 46 lojas – são, no mínimo, dois agrônomos ou técnicos agrícolas atendendo aos clientes da região. Eles cumprem roteiros semanais de visitas. Também realizamos eventos técnicos, que paramos um pouco devido à pandemia. Sempre foi uma tradição da 3tentos essa proximidade com o agricultor, tentando levar o máximo possível de informação.
JC – Estamos falando agora do 5G, que promete revolucionar a cidade, mas também o campo. A tecnologia tem ajudado na assistência ao agricultor?
Dumoncel – Desenvolvemos o app da 3tentos, com bastante informações para o produtor. A digitalização é um processo que avança na empresa. Por meio do aplicativo, o agricultor consegue comercializar 100% da sua safra, sem precisar se deslocar até a empresa. Emite, inclusive, nota fiscal eletrônica. Ele resolve muita coisa via app, como consulta de saldos e entrega de grãos. Temos ainda um outro sistema, o terra3, de monitoramento por satélite das lavouras. Ele registra imagens a cada três dias da lavoura. O agricultor pode, então, obter diversas informações, como densidade vegetal, ou identificar problemas, como mesmo uma praga invasora. Claro, ele acaba indo pessoalmente na lavoura, mas já chega com o roteiro pronto, sabendo o que vai encontrar. Dos nossos 18 mil clientes, 3,2 mil já utilizam o app da 3tentos.
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