sábado, 13 de novembro de 2021


13 DE NOVEMBRO DE 2021
NÚMEROS DE OUTUBRO

Amazônia tem recorde de desmatamento

Na contramão do discurso pró- ambiente adotado pelo governo federal na Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow, o Brasil continua a registrar recordes em seus índices de desmatamento na Amazônia. Foi o que ocorreu no mês passado.

Dados divulgados na sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, apontam que a área de alertas de desmatamento de outubro foi a maior para o mês nos últimos sete anos. A conservação do bioma foi destaque na abertura da COP26, na Escócia, e é considerada chave para evitar uma catástrofe climática.

Foram 877 quilômetros quadrados de devastação da floresta na Amazônia, aumento de 5% em relação a outubro de 2020 e o maior índice no mês em toda a série histórica do Deter, sistema de alertas do Inpe, iniciado em 2016. O governo Jair Bolsonaro ainda não divulgou os dados consolidados do desmatamento neste ano via sistema Prodes, que também é medido pelo Inpe, de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Tradicionalmente, essa informação é tornada pública no começo de novembro.

Na COP26, o Brasil assinou acordos multilaterais contra a devastação da floresta, prometeu zerar o desmate ilegal até 2028 e reduzir as emissões de metano. Na prática, os dados mostram realidade diferente.

- As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow. E o chão da floresta está nos dizendo que este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP26 - diz Marcio Astrini, secretário executivo de entidade Observatório do Clima.

Relatório divulgado por um grupo de cerca de 200 cientistas mostra que a Amazônia está perto de um ponto irreversível e perde, em ritmo acelerado, sua capacidade de regeneração. Os pesquisadores, que lançaram o documento na Cúpula do Clima, alertam que o bioma pode se tornar deserto se não forem tomadas medidas efetivas.

Manifestação

Após a divulgação dos dados, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que está em Glasgow, disse que, quando voltar a Brasília, marcará encontro com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para que ele explique o andamento das ações que coordena na Amazônia para combater o problema. Nos últimos meses, Joaquim vinha enfatizando que havia redução do desmatamento e atribuindo a melhora a ações de vários ministérios.

- Vi os números hoje, mas preciso entender melhor - disse Joaquim.

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