16 DE NOVEMBRO DE 2021
DAVID COIMBRA
O que Churchill pode ensinar ao Grêmio
Corre pelas ruas da cidade um movimento para tentar salvar o Grêmio da Segunda Divisão. É uma iniciativa de gremistas ilustres, conselheiros históricos, que querem transformar a partida contra o Bragantino numa espécie de decisão de Copa do Mundo.
Eles pretendem incendiar a torcida, pintar as ruas de azul, mobilizar o Estado e, por contágio, os jogadores, para que eles empenhem gana e garra únicas nessa partida. O jogo contra o Bragantino terá de ser encarado como o último de suas vidas. Não será, óbvio, ali adiante tem a Chapecoense, mas aí a centelha da indignação já foi acesa, os jogadores saberão o que fazer para vencer.
Será que é possível? Será que ainda há tempo para o heroísmo? Seria uma façanha quase à altura da Batalha dos Aflitos.
É evidente que é preciso existir uma réstia de bravura no grupo de jogadores. Se não houver hombridade no vestiário, nenhum estímulo será o suficiente. Nada é capaz de transformar um anão espiritual em um gigante.
Na história dos povos há alguns raros exemplos de superação coletiva. Quando eu era guri, meu avô sempre me contava histórias da retirada de Dunkirk, na Segunda Guerra Mundial. Eu achava extraordinário aquele feito dos ingleses, quase inacreditável. Mais tarde, os livros confirmaram tudo o que meu avô me contou, e há uns quatro anos foi lançado aquele ótimo filme que destaca o imortal discurso de Churchill elevando os brios dos britânicos:
- We shall never surrender!
- Nós nunca nos renderemos!
Fico imaginando Hitler e seus asseclas nazistas ouvindo, ao pé do rádio, as palavras poderosas de Churchill:
"Nós iremos até o fim.
Nós lutaremos na França.
Lutaremos nos mares e oceanos.
Lutaremos com crescente confiança e crescente força no ar.
Nós defenderemos nossa Ilha a qualquer custo.
Lutaremos nas praias.
Lutaremos nos locais de pouso.
Lutaremos nos campos e nas ruas.
Lutaremos nas colinas.
E nunca nos renderemos!"
Ainda fico arrepiado cada vez que ouço esse discurso na voz engruvinhada de Churchill, sobretudo por recordar a situação da Inglaterra naquele momento em que lutava sozinha contra um exército que havia dominado toda a Europa Central.
É evidente que não quero comparar a luta de um povo pela própria sobrevivência com as contingências de um time de futebol, mas os sentimentos podem, sim, ser equiparados. Eu mesmo, quando enfrento algum momento complicado, ouço o discurso de Churchill na internet e repito:
- Eu nunca me renderei! Nunca me renderei! É esse o espírito. Os ingleses conseguiram. Eu, vez em quando, consigo. Por que o Grêmio não conseguiria?
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