terça-feira, 6 de abril de 2021


06 DE ABRIL DE 2021
OPINIÃO DA RBS

SEGUNDA ONDA DE SOLIDARIEDADE

São exemplares as iniciativas de várias prefeituras do Rio Grande do Sul, nas últimas semanas, de organizar postos de recebimento de doações de alimentos nos locais de vacinação contra a covid-19, especialmente os drive-thrus. Santa Maria, Torres, Porto Alegre, Canoas, Pelotas e Caxias do Sul são alguns dos municípios que aderiram à ideia, mas seguramente o número deve ser bem superior no Estado. Espera-se que ações semelhantes ganhem cada vez mais novos engajamentos, tanto do poder público quanto da população. Há cidades em que também se está aproveitando a onda de solidariedade para iniciar a arrecadação de roupas, visando de certa forma antecipar as campanhas para arrecadação de agasalhos, ainda antes da chegada das temperaturas mais baixas que normalmente são registradas já no outono.

A pandemia leva à necessidade de medidas que diminuam a circulação de pessoas nos centros urbanos, especialmente em momentos como o atual, de grande número de novos casos do novo coronavírus. É um esforço imprescindível para diminuir a pressão sobre o sistema de saúde e a quantidade inaceitável de vítimas fatais registrada tanto no Estado quanto no país. Essas ações, no entanto, afetam uma série de atividades econômicas, com reflexo no desemprego e mesmo na dificuldade dos informais de conseguirem trabalho e alguma renda que permita levar comida para casa.

Nos primeiros meses da pandemia, no ano passado, formou-se uma grande corrente de auxílio para os mais necessitados e entidades que amparam vulneráveis. Com o passar do tempo, no entanto, a intensidade da mobilização arrefeceu. Mas o recrudescimento da pandemia, o mercado de trabalho ainda fraco, o fim do auxílio emergencial e mesmo a inflação alta tornaram o quadro outra vez dramático para milhões de brasileiros que não conseguem encontrar colocação ou obter rendimentos que permitam garantir segurança alimentar para a família. É verdade que o auxílio emergencial está agora de volta, mas será de valor bem inferior à primeira rodada e abrangerá uma quantidade de pessoas também menor na comparação com a do ano passado.

A compreensão sobre a crise social que acompanha a pandemia, portanto, tem de outra vez fazer aflorar o ímpeto humanitário de cidadãos e até empresas, para impedir o avanço da fome. Famílias que dispõem de um automóvel para se deslocarem até um drive-thru no momento da vacinação, por exemplo, certamente reúnem condições financeiras para alcançar alguma ajuda aos mais necessitados. Aguarda-se que mais prefeituras se organizem para receber e distribuir doações e informem os cidadãos sobre como colaborar. Os gaúchos, mais uma vez, saberão ser solidários e retribuir a dádiva da imunização com uma boa ação. Este deve ser o sentimento contagiante daqui para a frente.

 

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