04
de outubro de 2013 | N° 17573
EDITORIAIS
Não
silenciar
É
alarmante o aumento da violência contra crianças e adolescentes no Estado,
evidenciado não apenas por recentes episódios de verdadeira barbárie como
também por estatísticas oficiais. Só nos últimos dias, o Estado registrou a
morte de um menino de um ano, o estupro de uma menina de sete e o caso de abuso
contra um garoto de nove anos.
Essa
dura realidade é confirmada por estatísticas oficiais como as do Centro de
Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (Crai), que só neste ano, até
setembro, registrou 1.399 ocorrências de agressão a crianças e jovens até 18
anos, quando no ano passado o total havia ficado em 1,5 mil. Um quadro dessa
gravidade exige reação rápida e eficaz, não apenas por parte do setor público,
mas de todos os organismos da sociedade civil que, de alguma forma, podem
contribuir para uma mudança cultural capaz de revertê-lo.
O
aumento do número de ocorrências pode ser atribuído, em parte, à maior
preo-cupação com o registro de fatos que, até recentemente, tinham repercussão
restrita a quatro paredes. A mudança foi acelerada a partir do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) e da estruturação de uma ampla rede de apoio. As
causas, porém, são múltiplas, indo desde a falta de planejamento sobre o número
de filhos pretendidos pela família até o envolvimento de jovens e, muitas
vezes, dos próprios pais com drogas.
Como
a maioria dos atos de violência contra a infância e a adolescência ocorre na
casa das vítimas e têm o envolvimento direto de familiares, essa é uma questão
cuja responsabilidade não pode simplesmente ser transferida para os organismos
governamentais. O enfrentamento precisa envolver profissionais de múltiplas
áreas nas quais devem ser buscadas as causas dessas atrocidades, como
sociologia, psicologia, economia, política e urbanismo, entre outras.
Seja
qual for o caso, o aumento no número de agressões a seres humanos ainda em fase
de formação física e psicológica precisa de uma reação à altura, que vá além da
indignação e da pressão por pena máxima para os criminosos. Todas as pessoas
atentas e responsáveis precisam se unir em favor da causa, pois não silenciar é
uma premissa básica para o combate a essa covardia.
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