quarta-feira, 5 de novembro de 2025


05 de Novembro de 2025
GOLPES DIGITAIS

Preso empresário suspeito de contratar serviços de hackers

Um empresário suspeito de financiar hackers para roubar dados pessoais, que depois eram utilizados em golpes, foi um dos presos na quarta fase da Operação Medici Umbra, deflagrada ontem pela Polícia Civil do RS. A investigação revelou um complexo esquema em que informações sigilosas de potenciais vítimas, obtidas por cibercriminosos, eram revendidas para golpistas. Dentre as pessoas lesadas pela quadrilha estão médicos gaúchos, que tiveram contas bancárias invadidas.

O crime começa na invasão de bancos de dados - como as contas gov.br -, de onde os hackers extraem informações pessoais de possíveis alvos. A partir desses dados, os golpistas abrem contas bancárias em nome das vítimas, para as quais transferem o dinheiro guardado nas contas verdadeiras. O grupo chegava a recrutar sósias das vítimas e a usar inteligência artificial para driblar os sistemas de reconhecimento facial.

Preso ontem em Barueri (SP), o empresário de 39 anos é apontado como o cérebro e financiador de toda a operação. Conforme a polícia, ele contratava especialistas em tecnologia - como um programador preso em operação anterior - a fim de obter dados de forma ilícita para posterior revenda a golpistas.

A gente conseguiu atingir desde a ponta do iceberg, que são os golpistas, até a estrutura logística por trás desse crime, que são os golpes virtuais. Atingindo desde o painelista, que é aquela pessoa que vende acessos aos golpistas, até o hacker, que rouba dados em plataformas governamentais e, por último, agora, quem financiava essa estrutura - explica o delegado Eibert Moreira Neto, diretor do Departamento de Repressão a Crimes Cibernéticos.

Negociação

O empresário foi flagrado em áudios negociando a compra de dados bancários. Além dele, a polícia tem como alvo em Brasília (DF) um funcionário de uma empresa de tecnologia da informação que presta serviços para diversas instituições financeiras. Segundo a polícia, ele é suspeito de utilizar o seu acesso profissional para extrair dados sigilosos diretamente dos sistemas bancários.

Na fase de ontem, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva em municípios de São Paulo e em Brasília, com apoio da Polícia Civil desses Estados. Pelo menos quatro suspeitos foram presos ontem, e o número de capturados ao longo das investigações chega a 15. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela polícia. 

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