segunda-feira, 17 de novembro de 2025


17 de Novembro de 2025
ACERTO DE CONTAS - Giane Guerra

Para conter a canibalização das ferrovias

O desmantelamento das ferrovias do Rio Grande do Sul fez o Ministério Público Federal (MPF) expedir um ofício de "recomendação" à concessionária Rumo e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que seja suspensa imediatamente a retirada de trilhos, máquinas e outras partes da malha gaúcha. Os pedaços estão sendo enviados a outros Estados, principalmente Santa Catarina.

Também foi solicitado que apresentem um relatório sobre o que já foi levado, com laudos que justifiquem o envio. Foi dado um prazo de 10 dias para que sejam informadas as providências tomadas. Caso contrário, o MPF ajuizará uma ação.

- É inoportuno ficar arrancando os melhores trilhos do Rio Grande do Sul um ano antes do final do contrato, embora tenha autorização da agência reguladora. Poderíamos usá-los no futuro. Ou seja, é um processo a mais de canibalização da rede, indicando descaso, descuido e abrindo portas para que aumentem furtos e ocupações irregulares - argumenta o procurador da República Osmar Veronese, que acompanha o problema das ferrovias gaúchas há mais de duas décadas.

Proposta insuficiente

Quanto à proposta de R$ 2,5 bilhões apresentada pela Rumo para renovar a concessão, Veronese a considera insuficiente.

- Em um Estado que já teve bem mais de 3 mil quilômetros de ferrovia, seria recuperar pouco mais de 800 quilômetros. E tem todo um passivo que custa para a sociedade com 30 anos de abandono da ferrovia. É o único modal que não retomou pós-enchente, com gestão e prestação de serviço de interesse público inadequadas - complementou. - Toda a Malha Sul está um caco.

As ferrovias estavam sucateadas e foram muito danificadas pela enchente. A Rumo não vinha investindo e também não as consertou após a tragédia. Resta funcionando apenas o trecho entre Cruz Alta e Rio Grande. _

Trump cedeu à inflação

Desde o início da política comercial de Donald Trump, os economistas brasileiros apontavam que o melhor amigo dos exportadores daqui seria o consumidor norte-americano. Isso porque ele não toleraria um impacto grande no bolso apenas para abraçar o discurso de que "a América será grande de novo", uma alusão ao slogan do presidente dos Estados Unidos: "Make America Great Again".

No geral, a inflação norte-americana não disparou como chegou a se prever, o que até atrapalharia a redução da taxa de juro pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Porém, pegou a mesa do consumidor, e aí é um toque para abalar a popularidade de Trump, que ganhou um "bafo na nuca".

Por isso que as reduções de tarifas de agora são de alimentos, como carne e café. Já imaginou o norte-americano cortando estes dois itens da lista de supermercado? Os beneficiados incluem frutas e até tapioca e sementes de coentro e cominho.

Porém, pouco alivia as exportações do Sul, incluindo o RS. Ainda nenhuma entidade empresarial calculou o reflexo exato, considerando as rubricas da lista, mas os gaúchos vendem mais fumo, máquinas e móveis. E isso, Trump quer que seja fabricado lá, gerando empregos e impostos nos Estados Unidos. O maior amigo do exportador do Sul, na verdade, é o importador. Esse ainda não abalou Trump. 

Novo enxugamento da taQi

Rede gaúcha de varejo que vende de móveis a materiais de construção, a taQi voltou a fechar lojas no RS. A empresa não informa quantas são ou o número de funcionários, mas confirma o encerramento de unidades, após questionamento da coluna provocado pela informação enviada por leitores.

Em breve nota, a taQi atribuiu a decisão à mudança dos consumidores, "que cada vez mais optam por realizar suas compras pela internet". Por isso, informou que a estratégia será fortalecer venda online e "B2B", sigla de "business to business" que significa venda a outras empresas.

A rede passou por enxugamento dos pontos de venda físicos em 2023 e 2024, quando foram fechadas 25 lojas. Na ocasião, apontou como motivos inadimplência e juro elevados. Ficou com 65 unidades. Não informa quantas tem agora.

A taQi é do Grupo Herval, grande e tradicional empresa gaúcha com sede em Dois Irmãos e atuação forte como indústria. A rede de lojas nasceu em 1959 como um dos primeiros negócios do grupo. _

Ruínas de cinema de 1919

Palco de teatro e cinema, o antigo Cine Colombo, de 1919, será restaurado em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. As ruínas, tombadas pelo patrimônio histórico e severamente danificadas por um incêndio, farão parte de um empreendimento da Urbano Engenharia. Será colocada uma cobertura de vidro e haverá acesso livre a uma galeria que dará acesso a uma cafeteria, o Café Colombo, com espaço para eventos culturais, explica o sócio da empresa Nasser Zeidan.

Serão construídas no terreno duas torres residenciais. Uma de 25 andares e outra de 16 andares. O investimento total é de R$ 40 milhões, com previsão de atingir R$ 80 milhões em vendas.

- O público comprador é de moradores da região, mas principalmente uruguaios, porque Rivera não tem esses prédios - diz o empresário.

A intenção é iniciar a obra em janeiro e finalizá-la em três ou quatro anos. Foi feita uma parceria com o proprietário do cinema. As licenças estão praticamente todas liberadas, diz Zeidan. Uary Studio e NP Empreendimentos participam do projeto. _

Estreia chinesa de R$ 5 milhões

Já com GWM e BYD no portfólio, o grupo gaúcho Iesa terá agora loja de outra montadora chinesa de veículos elétricos. Abriu com R$ 5 milhões, em Porto Alegre, uma unidade da Leapmotor, marca da Stellantis, que também detém Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram. A fabricante está estreando no Brasil, onde desembarcou os primeiros carros em agosto. Por enquanto, compartilhará a estrutura das demais, incluindo uma fábrica em Betim (MG).

Antes ocupada por uma da Fiat, a loja nova fica na Avenida Padre Cacique, 842, bairro Menino Deus, em frente ao estádio Beira-Rio. Estão à venda os SUVs (utilitários esportivos) Leapmotor C10 - elétrico ou híbrido - e Leapmotor B10, que só tem elétrico. Os preços vão de R$ 172,9 mil a R$ 199,9 mil.

Agora, a Iesa passa a vender 15 marcas. 

ACERTO DE CONTAS

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