O primeiro livro
Bati ponto quase que diariamente na Feira do Livro de Porto Alegre, encerrada no último domingo. Frequentei palestras, filas de autógrafos, corredores abarrotados, conversas de escritores, contações de histórias infantis, bancas diversas, exposições, carrinho de pipoca, o banco dos poetas de bronze e outros recantos da Praça da Alfândega. Sinto-me, portanto, habilitado a dar o meu palpite sobre o que foi a melhor coisa da última edição do grande evento cultural da cidade:
- As crianças!
Sim, elas iluminaram a praça com seus risos e assombros, com suas correrias impulsionadas pela curiosidade, com seus olhos arregalados de novidades. Deu gosto de ver: dezenas, centenas de crianças e adolescentes, presentes todos os dias no mercado fervilhante dos pensamentos impressos. Gol de placa dos organizadores do evento, lançamento perfeito dos educadores que compraram a ideia e, para ficarmos na linguagem do futebol, assistência magistral dos professores e acompanhantes dos pequenos nas visitas guiadas pelo labirinto de livros.
Num país em que apenas 60% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental conseguem ler e compreender textos simples (segundo o indicador Criança Alfabetizada 2024, do Inep), essas incursões infantis pelo mundo da leitura ganham ainda mais importância. No mínimo, provocam a curiosidade daquelas crianças que têm pouco contato com livros em casa, muitas vezes em decorrência da falta de condições e de estímulo por parte de seus tutores.
Nesse contexto, cabe reconhecer a bela iniciativa da prefeitura da Capital, que distribuiu cartões de auxílio para compras a estudantes do 1º e do 2º ano da rede municipal para gastar na Feira. Aqueles que compraram seus primeiros livros jamais se esquecerão deste momento mágico que tiveram a oportunidade de vivenciar: olhar para uma capa entre muitas, fixar a atenção num título sugestivo ou numa figura colorida - e sair com o objeto desejado debaixo do braço.
É uma experiência como potencial para transformar vidas para sempre e para - otimista que sou! - ajudar no combate ao analfabetismo funcional. _
NILSON SOUZA
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