
Fracasso da prevenção força debate sobre como remediar
À crise climática não se aplica o dito popular da "porta arrombada, tranca de ferro". As portas do aquecimento global seguem abertas, a despeito do esforço de alguns países para reduzir as emissões de dióxido de carbono. O que mudou foi o enfoque. Diante da certeza de que catástrofes como a que o Rio Grande do Sul viveu em 2024 vão se repetir, cientistas e líderes políticos discutem na COP30, em Belém, como se preparar para enfrentá-las. Há um certo conformismo nos discursos, mas cada vez mais se ouve falar em resiliência e em mitigação dos efeitos.
Em auditórios para centenas de pessoas e em espaços que mal comportam três ou quatro dezenas, os debates sobre o clima são fascinantes e vão da descrença em uma reversão da situação, com o esgotamento dos recursos naturais e o aquecimento dos oceanos para além do que a Terra é capaz de suportar, ao otimismo dos que acham que ainda é possível traçar o "mapa do caminho", salvar o planeta e evitar a extinção da espécie humana.
Prefeitos e governadores apelam por mais recursos para executar obras de prevenção e se preparar para os próximos desastres, sejam estiagens severas ou excesso de chuva, incêndios, ciclones e outros fenômenos cada vez mais frequentes.
As iniciativas positivas, mostradas em estandes, conferências e debates, são mínimas se comparadas aos grandes números do desmatamento das florestas, da poluição dos rios e dos oceanos, da falta de tratamento adequado a todo tipo de lixo produzido no mundo.
O Pará selecionou exemplos de sucesso em matéria de sustentabilidade, mas eles são ínfimos se comparados aos grandes poluidores, que não têm planos de transição energética para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.
Exemplos mostrados na COP de comunidades isoladas da Amazônia que passaram a se alimentar melhor porque puderam comprar uma geladeira depois da instalação de placas de energia solar são simpáticos, mas beiram o romantismo. O petróleo ainda reina absoluto e a própria produção de energia elétrica é um dilema para o mundo.
Nesse cenário, concordam os cientistas, o Brasil é privilegiado. Nenhum outro tem tantas e tão promissoras fontes de energia limpa (solar, eólica, hídrica e, em fase incipiente, o biometano). O Brasil também tem a maior floresta tropical do mundo, ameaçada por criminosos que desmatam para vender madeira ou plantar sem a devida preocupação com os problemas ambientais.
Não somos terra arrasada
A boa notícia é que graças a uma legislação rigorosa, nossa agricultura está entre as mais sustentáveis do mundo.
Na Agrizone, uma das novidades da COP do Brasil, foi apresentado um estudo da Embrapa segundo o qual os produtores rurais preservam 29% das matas nativas do Brasil dentro da propriedade. O estudo não se limita à Amazônia, que tem a maior parte do seu território preservado, mas aos diferentes biomas do Brasil. O estudo não diz que tudo são flores, mas dá uma pista de que não somos a terra arrasada que muita gente no Exterior imagina, a partir de recortes de problemas que existem mas não representam o conjunto do país. _
Parque Linear da Doca é inspiração para o Dilúvio
Legado da COP30 para Belém, a revitalização do Parque Linear da Doca deve servir de inspiração para o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que planeja, até o fim do seu mandato, dar o pontapé inicial nas obras de renovação do Arroio Dilúvio.
No Pará, Melo conheceu o espaço que ocupa cerca de um quilômetro no centro da capital paraense, com ciclovia, quiosques, mirantes, paisagismo e sistema de drenagem, integrado ao Porto de Belém e à Estação das Docas.
O que o prefeito chamou de "uma boa experiência" deve ser replicado na capital gaúcha, por meio de uma Operação Urbana Consorciada (OUC), instrumento que flexibiliza regras de ocupação do solo e autoriza a construção de prédios mais altos. Em contrapartida, as empresas e investidores viabilizam um fundo que financia as obras de revitalização, despoluição e desassoreamento do arroio.
A revitalização dos cerca de 11 quilômetros do Dilúvio ao longo da Avenida Ipiranga deve custar algo em torno de R$ 4 bilhões. Em Belém, foram investidos R$ 310 milhões. _
Emendas vão financiar menos de um quinto da ampliação do HPS
Deputados e senadores gaúchos destinaram R$ 25 milhões à ampliação do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. O valor representa 17,8% do orçado para a construção de uma nova ala (R$ 140 milhões), que deve ter 110 novos leitos.
O HPS deve buscar o restante junto ao governo do Estado e a parceiros privados, além de doações. O total disponível para emendas na bancada gaúcha nas duas casas é R$ 415,76 milhões - quase três vezes o necessário para a obra.
Entre os 31 deputados e três senadores do Rio Grande do Sul, 23 destinaram parte dos seus pouco mais de R$ 12 milhões para a obra no hospital. Fernanda Melchionna (PSOL) foi a que mais indicou recursos para a rubrica: R$ 6 milhões. A maioria dos outros parlamentares indicou valores entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões.
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POLÍTICA E PODER
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