sexta-feira, 14 de novembro de 2025

13º deve injetar R$ 23 bilhões na economia gaúcha e impulsionar consumo de fim de ano

A quantia corresponde a em torno de 3,1% do PIB estadual

Marcello Casal Jr/Agência Brasil/JC

Gabriel Margonar

O Rio Grande do Sul deve receber cerca de R$ 23 bilhões em pagamentos de 13º salário até o fim de 2025, segundo projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). É a maior injeção anual de renda do Estado, equivalente a 3,1% do PIB gaúcho, e alcança 6,1 milhões de pessoas, entre trabalhadores formais, empregados públicos, domésticos com carteira assinada e aposentados e pensionistas do INSS.

O montante representa 5,9% do total nacional, estimado em R$ 369,4 bilhões. Embora seja um movimento sazonal, a chegada dos valores ocorre em um ano de mercado de trabalho mais forte e renda estável, o que deve garantir um fim de ano favorável para comércio e serviços. A renda média do 13º no RS deve ser de R$ 3.272, acima da estimada no ano passado.

O Dieese calcula que 54,4% dos beneficiários no Estado estão no mercado formal, enquanto 44,3% são aposentados e pensionistas. Entre os assalariados, o valor médio sobe para R$ 4.410, com destaque para o setor de serviços, que deve pagar cerca de R$ 5.071. A indústria aparece em seguida, com R$ 4.324, e o setor primário tem o menor valor médio, de R$ 3.173.

A economista Daniela Sandi, do Dieese-RS, afirma que o 13º se mantém como uma das principais forças de movimentação econômica no fim de ano, tanto pela quitação de dívidas quanto pelo impacto direto sobre comércio, indústria e serviços. “Ele ajuda famílias a quitarem dívidas num contexto de juros altos, mas também dinamiza comércio, serviços e indústria. É um recurso que movimenta toda a cadeia produtiva”, diz.

Segundo ela, o aumento do montante pago no Estado está ligado ao desempenho do mercado de trabalho. Entre janeiro e setembro, o número de trabalhadores com carteira assinada no RS, conta, cresceu 2,7%, com a criação de 78 mil vagas. “Tivemos mais beneficiários e renda maior. O mercado de trabalho vem se recuperando, e isso impulsiona o valor total do 13º no Estado".

Por outro lado, Daniela aponta que, apesar do maior volume geral, o orçamento de parte significativa das famílias permanece apertado. “Os salários ainda são baixos - cerca de 60 milhões de brasileiros recebem um salário mínimo. Mesmo assim, o 13º representa um incremento importante para o fim de ano”, conclui.

Comércio projeta fluxo mais tradicional de fim de ano

Para o comércio, o impacto do 13º tende a ser positivo, embora não integralmente concentrado em dezembro. Uma parte dos valores já entrou na economia ao longo do ano, mas a maior movimentação ocorre mesmo nas semanas que antecedem o Natal.

Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, explica que 2025 deve trazer um comportamento mais próximo do padrão histórico. “Em 2024, muitas empresas anteciparam o pagamento do 13º por causa das enchentes. Agora, devemos ter um fluxo mais concentrado no fim do ano, com intensificação do poder de compra”, afirma.

Segundo uma pesquisa realizada pela entidade, que ainda não foi divulgada na íntegra, 27,2% dos gaúchos pretendem poupar o benefício; 24,8% usarão para pagar contas do mês; e 22% planejam comprar presentes. As categorias não são excludentes, mas revelam prioridades de gasto.

Conforme a especialista, o varejo deve sentir mais a força do 13º nos segmentos típicos do Natal, como vestuário, brinquedos, calçados e cosméticos. Supermercados também devem ser impulsionados pela alta demanda de alimentos e bebidas sazonais.

Para ela, o efeito total do 13º neste ano será maior do que em 2023 e 2024. “Temos mais pessoas empregadas e rendimentos reais mais altos. É natural que o fluxo total seja maior agora. Neste ano, o destaque volta ao segmento dos presenteáveis”, conclui Patrícia.

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