
Lições do passado
O avanço do neofascismo, o massacre de civis em áreas de guerra, a crise climática, os limites éticos da tecnologia, as teorias conspiratórias e a violência contra minorias foram alguns dos temas políticos cabulosos que o cinema encarou em 2025. Filmes como Uma Batalha Após a Outra (Paul Thomas Anderson), Eddington (Ari Aster), Bugonia (Yorgos Lanthimos), Pecadores (Ryan Coogler), Superman (James Gunn) e As Mortalhas (David Cronenberg) são leituras parciais, inconclusivas, de uma trama intrincada que ainda está em andamento: o presente.
Ao som de hits dos anos 1980 e 1990, a série sobre a Era Collor costura depoimentos de jornalistas, políticos e ex-aliados para narrar esse amor de verão eleitoral que durou pouco e acabou em lágrimas. (Seria um consolo imaginar que ficou a lição. Não ficou.) Com poucas credenciais além da boa-pinta e da promessa de combater privilégios, Collor foi de azarão a fenômeno político e de fenômeno político a presidente deposto em menos de três anos.
Hoje, aos 76 anos, o "caçador de marajás" cumpre pena de prisão domiciliar por corrupção. Fez escola. Personagens com o mesmo discurso, as mesmas ambições e a mesma falta de princípios continuam seduzindo eleitores com marketing agressivo e falso moralismo. (Que tenham todos o mesmo fim inglório: a prisão.)
O diretor Joe Wright disse que buscou inspiração nos clássicos Um Homem com uma Câmera (1929) e Scarface (1932) - e, curiosamente, no visual feérico das raves dos anos 1990. O resultado é a melhor coisa a que eu assisti na televisão neste ano. _
CLAUDIA LAITANO
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