
Esperança para o Brasil na Suprema Corte dos EUA
Mesmo ainda sem qualquer sinal de negociação do tarifaço de 50% imposto ao Brasil, a pressão sobre o governo dos Estados Unidos cresce em outros fóruns. Um dos improváveis aliados do Brasil, a Suprema Corte americana encerrou a fase de audiências. Há grande expectativa para conhecer a decisão do tribunal dominado por componentes indicados por presidentes republicanos, com sinais de que a Casa Branca não conta com vitória certa e segura.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, fez um alerta sobre o grande impacto que teria sobre as finanças americanas se fosse necessário devolver os recursos das tarifas. Donald Trump mencionou um "plano B", e acenou com a doação de US$ 2 mil (R$ 10,6 mil) por americano, exceto os de alta renda, em uma espécie de "distribuição de lucros" com o tarifaço.
Magistrados questionaram base legal do tarifaço
O que os integrantes da Suprema Corte questionam - as sessões são fechadas, mas áudios foram liberados - é a base legal do tarifaço. Para lembrar, Donald Trump recorreu a uma medida de 1977 para justificar as cobranças, a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (Ieepa). Argumenta que o problema são os profundos déficits comerciais que os EUA vêm acumulando. E para tomar essa decisão sem o aval do Congresso, nunca diz que se trata de um imposto - o que, na verdade, é, sendo cobrado de empresas americanas importadoras.
Em um país que acaba de fazer um acordo frágil e temporário - só até janeiro de 2026 - para sair do mais longo shutdown (paralisação dos serviços federais) de sua história, é difícil imaginar a Suprema Corte dominada pelo partido do governo - ainda que com nuances - tomar uma decisão tão drástica como obrigar a devolução do que já foi arrecadado. Com ou sem recebimento de US$ 2 mil pelos americanos.
Menos improvável é o estabelecimento de algum tipo de regra racional. Caso isso de fato ocorra, seria bastante razoável restringir as tarifas aos países com os quais os Estados Unidos de fato têm déficits significativos - os dois maiores são China e Vietnã, ambos com tarifas mais baixas do que a do Brasil. _
Com o fim do mais longo shutdown (paralisação de serviços federais) da história dos EUA, o mercado se animou: a bolsa teve 11º recorde seguido, subindo 0,7%, para 155,5 mil pontos, e o dólar caiu 0,55%, para R$ 5,307.
"Tênis da COP" passou por terapia familiar até receber "tinta de dólar"
A saga que levou um empreendedor social à concepção dos tênis que serão usados por voluntários da COP30 - feitos por uma fábrica de calçados gaúcha - tem capítulos que não foram esgotados na já longa entrevista que Francisco Samonek, fundador da Seringô, deu à coluna, publicada na segunda-feira.
O paranaense que se aventurou na Região Norte e criou um ecossistema de bioeconomia teve de atuar até como mediador em conflitos familiares para chegar ao produto que será certificado pela empresa suíça que fabrica a tinta para impressão de 90% das cédulas das moedas do planeta, incluindo dólar, euro e franco suíço, a Sicpa.
Conforme Samonek, ao perceber alta adesão mas baixa permanência em seu projeto de artesanato com látex natural extraído na Amazônia - uma das atividades que ajuda a manter a floresta em pé -, teve de reunir as famílias. Na conversa, depois de muita insistência, descobriu que os homens não gostavam da ausência das mulheres em casa. Na época, elas trabalhavam em pavilhão separado.
O problema precisa ser encarado à sombra da realidade amazônica: as casas são muito distantes uma das outras e não há muita convivência além da família no dia a dia, fora de eventos nos pequenos centros comunitários da região. A solução, relata Samorek, foi criar a "unidade de produção familiar": os homens colhem o látex bem cedinho, e as mulheres trabalham no artesanato em suas próprias casas.
- O seringueiro tradicional trabalhava isolado, sozinho. A família não se envolvia na atividade. No Marajó, eram recorrentes agressões às mulheres, às crianças. Hoje, onde estamos trabalhando, as famílias se organizaram e as mulheres estão protegidas. Trouxe um benefício social enorme, além da receita e da manutenção da floresta em pé.
Depois de solucionar muitas questões tão extravagantes quanto essa para quem não vive a realidade amazônica, Samonek chegou ao lançamento "oficial" do tênis da sociobioeconomia - antes, já eram vendidos, mas de forma restrita. Cada par terá um código impresso com a tinta da Sicpa - a mesma do dólar e do euro. O objetivo é garantir proteção às patentes que o empresário desenvolveu, tanto para a matéria- prima "cernambi virgem ecológico" quanto o processo socioambiental.
- O pessoal da Sicpa está aqui na COP ajudando a gente a divulgar o primeiro produto autenticado por eles, que antes só atuavam com dinheiro. Agora posso vender meu tênis tranquilamente no mercado europeu porque isso vai aferir a rastreabilidade do produto.
Investidor que previu crise de 2008 joga contra a IA
Famoso por prever a crise de 2008 e inspirar o filme A Grande Aposta, indicado ao Oscar em 2016, Michael Burry está apostando contra ações de empresas de inteligência artificial (IA) quando se discute bolha no setor. Documento da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) apresentado neste mês mostra que o fundo de Burry, o Scion Asset Management, comprou opções de investimento que vão dar lucro caso as ações de Palantir e Nvidia caiam.
Segundo o relatório, a aposta na queda futura da Palantir envolve cerca de US$ 910 milhões e a contra a Nvidia, ao redor de US$ 190 milhões. O anúncio da movimentação financeira fez as ações das duas empresas caírem perto de 7% na Nasdaq, bolsa de tecnologia, na semana passada.
A Nvidia, com seus chips de vídeo com IA, tem valor de mercado de quase US$ 5 trilhões. Se fosse um país, seria o terceiro mais rico do mundo, só atrás de Estados Unidos e China.
A Palantir é menos conhecida. Produz softwares de análise de dados para facilitar "decisões em tempo real, baseadas em IA, em empresas governamentais e comerciais", segundo seu site. Suas ações subiram cerca de 150% neste ano, depois de disparar 1.000% nos últimos dois. Parte dos resultados vem dos serviços que a Palantir presta ao governo dos EUA, sobretudo ao exército americano.
Alex Karp, CEO da Palantir, criticou Burry por "tentar questionar a revolução da IA". Alguns dos principais executivos de Wall Street chamaram atenção para provável queda nas ações de empresas americanas, especialmente as da área de IA, resultado do que esperam que seja uma "correção de preços". Como a coluna havia relatado, alertas sobre o risco de estouro da bolha da IA já foram feitos por Banco da Inglaterra, Fundo Monetário Internacional (FMI) e até Jeff Bezos, fundador da Amazon. _
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