
Inflação ínfima alivia e põe tesoura no futuro do juro
A expectativa para a inflação de outubro já era baixa, ao redor de 0,15%, mas o IPCA do mês passado veio ainda menor, quase invisível: 0,09%. A expressão não é forte à toa: é o menor resultado em um outubro desde 1998, quando havia registrado 0,02%. É uma forte desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia ficado em 0,48%. No acumulado de 12 meses, no entanto, o índice ficou em 4,68%, ainda acima da margem de tolerância máxima da meta, que é de 4,5%.
Esse resultado provocou ânimo no mercado: o dólar caiu 0,64%, para R$ 5,273, cotação mais baixa desde 6 de junho de 2024, ou seja, em um ano e quatro meses. A bolsa de valores quebrou seu 12º recorde nominal consecutivo, subindo 1,6%, para 157,7 mil pontos.
O maior peso na desaceleração do IPCA foi o da energia elétrica residencial, que caiu 2,39% com a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, que vigorou no mês passado. A troca reduziu a cobrança extra de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 Kwh consumidos.
Ata do Copom também deu alento
Contribui para a visão de uma tesoura no futuro da Selic a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que confirma a "maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta". O texto também esclarece que a isenção do Imposto de Renda está incluída nas projeções do Banco Central (BC) de inflação de 2026.
- A primeira leitura (do resultado da inflação) reforça a perspectiva de que esse resultado deve alterar as projeções de Selic para o ano que vem no relatório Focus. De alguma forma, "acabaram as desculpas" para se manter a taxa tão contracionista - avaliou o economista e consultor André Perfeito.
Um sinal da mexida no prognóstico do juro básico foi a forte redução nos juros futuros. Embora exista correlação entre esses dois "preços de dinheiro", o básico afeta mais o varejo, enquanto o futuro impacta mais o atacado. _
O petróleo voltou a subir, sinal de que as sanções dos Estados Unidos começam a ter impacto sobre as exportações russas de petróleo. O barril do tipo brent para entrega em janeiro fechou em alta de 1,72%, a US$ 65,16.
Nova chance de venda da Braskem
Com prejuízo de R$ 26 milhões no terceiro trimestre deste ano, redução de 96% sobre a perda do mesmo período do ano passado, a Braskem informou ontem que ainda não tem definição para sua reorganização de capital. Segundo o CEO da empresa, Roberto Ramos, não há plano de vendas de ativos.
- Não temos no momento nenhum plano de venda de nenhum ativo (em separado) - afirmou Ramos.
A Novonor, controladora da Braskem, estaria perto de fechar acordo de venda de sua participação na companhia para o fundo IG4 Capital. Conforme a agência de notícias Bloomberg, o negócio poderia ser assinado ainda nesta semana. As ações da petroquímica reagiram com disparada de 17,7% na bolsa.
A Braskem anunciou um acordo com o Estado de Alagoas para pagar R$ 1,2 bilhão em indenizações relacionadas aos danos geológicos em Maceió em 10 parcelas anuais, com valores mais altos concentrados depois de 2030. Isso pode ajudar nas negociações de venda.
Testes com gás no RS
A companhia também começou a testar o uso de gás natural importado da jazida de Vaca Muerta, na Argentina, em vez de nafta (outro derivado de petróleo) como matéria-prima no polo gaúcho, que considera o mais competitivo da América Latina.
- Ainda não é constante, estamos em processo de ensaio. O rendimento do forno com propano tem desempenho um pouco superior às nossas expectativas - disse Ramos. _
Quando chega a caravana do Noel
A caravana de Natal da Coca-Cola Femsa chegará ao Rio Grande do Sul em 1º de dezembro e a Porto Alegre no dia 11 do mês marcado pela troca de presentes. Na Capital, a atração começa a percorrer o seu trajeto às 17h30min, na fábrica da Avenida Assis Brasil que foi recuperada da inundação por enchente com investimento de R$ 675 milhões. A parada do comboio iluminado está prevista para ocorrer em frente ao Bourbon Country, das 18h às 19h, antes do reinício da rota pelas principais ruas e avenidas de Porto Alegre. Neste ano, serão 93 cidades no Brasil. _
Com avanço de stablecoins, BC regula criptomoedas
O desligamento da plataforma do Drex abre espaço para outro tipo de moeda digital cavar espaço nas discussões sobre o futuro da economia digital brasileira: as stablecoins. Ainda pouco conhecidas, são tokens (representações digitais de um ativo) pareados aos do mundo físico, como dólar, ouro e matérias-primas básicas, como a soja. Na segunda-feira, esse tipo de instrumento teve regras definidas pelo Banco Central (BC).
As stablecoins mais conhecidas são atreladas à moeda americana, como a tethr. Criada em 2012, cada unidade corresponde a US$ 1. O avanço das stablecoins se deve à sua capacidade de simplificar e baixar o custo das transações internacionais. Um repasse por stablecoins envolve um só sistema: o de blockchain, que permite verificação em etapas, ou blocos.
- Com intermediação descentralizada e automatizada, os cruzamentos ocorrem de forma veloz e reduzem custo - reitera o economista Franklin Lacerda, da empresa de soluções financeiras Remessa Online.
Outra diferença é a maior estabilidade ante outras criptomoedas, como o bitcoin. A tradução literal do inglês é "moeda estável". Como as stablecoins são atreladas a ativos reais e mais usadas como meio de pagamento, o valor tende a variar menos. Quem emite - caso de corretoras - é obrigado a manter reservas de ativos que garantem o preço e a paridade.
Lacerda calcula que o Brasil movimente cerca de R$ 100 bilhões por ano só em tethr.
Entenda as novas regras
O BC vai aplicar regras a criptomoedas a partir de 2 de fevereiro de 2026. Cria a licença de sociedades prestadoras de serviços de ativos virtuais (Spsavs), que passará a ser obrigatória.
Haverá exigências de capital mínimo, de R$ 10,8 milhões a R$ 37,2 milhões, a depender dos riscos da atividade, e de patrimônio de referência.
- Antes, as autoridades não tinham acesso às transações de criptomoeda. Agora, vamos ter sistema de prevenção à lavagem de dinheiro, segurança e fiscalização nas transações. O BC vai saber a origem de recursos, para onde estão indo - diz Cleverson Pereira, líder educacional da OnilX, empresa de soluções de pagamento com ativos digitais, assessoria e educação financeira.
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