
Conta do tarifaço bate à porta da Casa Branca
Enquanto a Suprema Corte dos Estados Unidos avalia a legalidade do tarifaço, o presidente Donald Trump piscou e afirmou que pretende reduzir a sobretaxa aplicada sobre o café. Muito sincronismo para ser só coincidência. Aliado ao aceno de "distribuição de lucros" da medida feito no final de semana - outra iniciativa que evidencia a percepção de falta de apoio popular -, parece que a conta começou a chegar na Casa Branca.
Desde que Trump começou a falar sobre tarifas - ainda antes do "Dia da Libertação", quando anunciou a imposição para quase todo o mundo -, surgiram advertências de que a consequência mais previsível de um aumento massivo no imposto de importação resultaria no aumento de preços para os americanos.
Ontem, em reunião no Canadá, os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e dos EUA, Marco Rubio, concordaram em marcar um novo encontro presencial bilateral, já que o assunto andava em banho-maria.
Responsável está no espelho de Trump
Na conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump já havia admitido que os americanos "sentiam falta" do café brasileiro. Não é por favor: o Brasil é o maior produtor de café arábica - considerado o de maior qualidade - do mundo, com 43,7% do total. A Colômbia tem mais marketing, mas vem em um segundo lugar distante, com 13,2%.
O aceno para baixar a tarifa do café ocorre em paralelo com outro sinal de que as tarifas estão pesando no bolso do consumidor americano é a investigação aberta pelo Departamento de Justiça (DoJ) americano contra os frigoríficos do país, acusados por Trump de "conluio ilícito" e "manipulação de preços" - por escrito.
É mais um capítulo da crise que enfureceu os criadores de gado americanos quando seu presidente acenou com a compra de carne da Argentina para ajudar o presidente do país, Javier Milei, seu grande aliado, a vencer nas eleições parlamentares de outubro.
O melhor que o DoJ poderia fazer para identificar o responsável pelo aumento de preços seria oferecer um espelho ao atual presidente. Difícil é saber se ele vai se reconhecer na imagem. _
Depois do entusiasmo da véspera, ontem foi dia de embolsar ganhos. O dólar subiu 0,37%, para R$ 5,292, e a bolsa interrompeu sequência de 12 recordes nominais ao oscilar apenas 0,07% para baixo, a 157,6 mil pontos.
Curso grátis do "arroz com feijão" da cozinha
Um curso gratuito para microempreendedores do setor de alimentação vai estrear em Porto Alegre. O projeto é liderado pela Camil, empresa de raiz gaúcha conhecida por produtos como arroz, feijão e demais grãos, e tem parceria com o Instituto Capim Santo (ICS), responsável pela aplicação da metodologia.
Criada em 2023 em São Paulo, a Escola de Negócios Grãos da Base aprovou 50 donos de pequenos restaurantes e marmitarias. Com quatro meses de duração e 140 horas de conteúdo, o programa oferece formação prática em negócios e gastronomia.
Na capital gaúcha, as aulas vão ocorrer na Unisinos, no bairro Boa Vista. As inscrições vão até 20 de novembro.
O ingresso no curso ocorre mediante aprovação em processo seletivo. A expectativa é selecionar 20 empresas locais. A formação começa no dia 24 de novembro, com aulas às segundas, quartas e sextas, com turmas à tarde, até fevereiro de 2026. Durante o curso, os alunos vão receber materiais de apoio e assessorias individuais para demandas específicas.
No final, os participantes vão receber apoio em produtos e comunicação da Camil, além de certificado de conclusão e enxoval para seus estabelecimentos. _
O BC não está dando sinais, em sua comunicação, sobre qualquer movimentação futura.
Gabriel Galípolo- Presidente do Banco Central
Otimismo estreia no mercado imobiliário no ano
Depois de seis meses de retração, o Índice Geral de Expectativa do Mercado Imobilário (IEMI) alcançou 114,3 pontos no terceiro trimestre, com alta de 15% em relação ao período anterior.
Pela primeira vez no ano, o indicador, desenvolvido por Tijolo Hub e Alphaplan Inteligência em Pesquisas, volta à zona de otimismo. O indicador nasceu da necessidade de compreender o comportamento e as perspectivas do segmento. _
Entrevista - Marcelo Gambarini- Diretor de negócios do Itaú Unibanco, com polo na Capital
"Empreendedor que passa por enchente é mais atento a risco"
Quais são os resultados da aposta em pequenas e médias empresas?
Estamos expandindo o modelo de polos em várias cidades, entre as quais Porto Alegre. Temos atendimento completo para pessoas jurídicas, com gerente, especialistas e estrutura local de análise de crédito. Antes, a decisão de crédito para clientes gaúchos poderia estar centralizada em São Paulo.
Por que decidiram mudar esse atendimento?
O Itaú começou sua história mais voltado para pessoa física, depois a pessoa jurídica ganhou terreno. O empreendedorismo no Brasil vem evoluindo. Hoje, pequenas e médias empresas representam algo como 30% do PIB. E ainda é um mercado menos assistido. Nem sempre funciona usar o sistema da grande corporação, precisa de olhar específico.
Que soluções há para garantia, o maior desafio?
Temos de evitar risco de perda para reduzir o custo do empréstimo. Antes o processo era muito manual, hoje posso aceitar garantia de duplicata de recebíveis por ferramentas digitais.
As mudanças em crédito e seguro em 2024 no RS tiveram efeito estrutural?
A carteira é bastante saudável. Nossos indicadores de inadimplência são menores do que os da concorrência mais próxima. O empreendedor que passa por uma enchente fica naturalmente mais atento ao risco, essa é a mudança estrutural.
? O que esperam de um futuro ciclo de baixa no juro?
O Itaú espera Selic na casa de 12,5% no final de 2026. É ainda alta, mas com algum alívio. É o grande componente de custo de empréstimo para pequenas e médias empresas. Estar perto e entender o cliente melhora a capacidade de reduzir inadimplência, outro fator de custo. _
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