
ELEIÇÕES NO RS
PDT reafirma candidatura de Juliana a Leite e tenta atrair PT
Presidente nacional da legenda, Carlos Lupi disse a Eduardo Leite que nome da ex-deputada está posto na disputa pelo Piratini. Governador tenta manter a coligação atual e não descartou entregar a cabeça de chapa à sigla. Dirigente também mantém conversas diretamente com o presidente Lula
Aliado do governo Eduardo Leite e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PDT tenta se equilibrar no cenário político para viabilizar a candidatura de Juliana Brizola ao Palácio Piratini em 2026. Enquanto busca atrair o apoio do PT, o partido evita se distanciar de Leite, com esperança de protagonizar o palanque governista no próximo ano.
A possibilidade foi cogitada pelo próprio governador, em reunião com o presidente do PDT, Carlos Lupi, na semana passada. Durante conversa de cerca de uma hora na manhã de 30 de outubro, Lupi comunicou a Leite que o nome de Juliana está posto na corrida estadual, independentemente das articulações do governo. - Trata-se da sobrevivência do partido, e ela está em primeiro lugar em todas as pesquisas - conta Lupi.
Leite argumentou que está empenhado em manter unido o consórcio partidário que sustenta sua administração. O governador, atualmente no PSD, tem preferência pela candidatura do vice Gabriel Souza (MDB), mas voltou a dizer que a discussão deve ficar para um segundo momento.
Gabriel ainda não conseguiu alcançar a marca de dois dígitos nas intenções de voto, gerando desconfiança de aliados. Diante de Lupi, Leite reafirmou que a candidatura de Gabriel não é uma imposição.
- O governador disse que não descarta o nome da Juliana. Aproveitei e o convidei para vir com a gente na chapa. O PDT adoraria votar nele para o Senado - diz Lupi. Em 2024, ainda no PSDB, Leite declarou apoio a Juliana nas eleições para a prefeitura de Porto Alegre. A boa relação se manteve desde então.
Em outubro, após ser indiciada pela Polícia Civil por suposta apropriação de dinheiro da avó, Juliana recebeu uma mensagem de solidariedade de Leite.
Resistências nos dois lados
O líder pedetista, porém, tem consciência de que não há como conciliar na mesma coligação uma candidatura governista e o apoio do PT. Amigo de Lula há quatro décadas, Lupi tem insistido com o presidente para que o PT abra mão da cabeça de chapa no Estado em prol de Juliana.
Ontem, Lupi formalizou o pedido de apoio a Juliana por meio de um ofício enviado ao presidente nacional do PT, Edinho Silva Edinho. A negociação, porém, é complicada. Uma ala do próprio PDT resiste a uma aliança com o PT.
Durante almoço realizado na quarta-feira passada, na casa do ex-deputado Vieira da Cunha, pelo menos dois parlamentares do partido, Pompeo de Mattos e Tiago Cadó, ironizaram um eventual apoio petista.
Irritado, Lupi pediu respeito e disse que sua articulação era feita diretamente com Lula e que o presidente jamais deixou de cumprir algum acordo feito com ele. - Se esse apoio der certo, quem boicotar nunca mais terá ajuda do PDT para nada - alertou.
Do encontro, saiu um acerto de que ninguém deverá fazer manifestações públicas de rechaço ao PT. Para não melindrar correligionários e pretensos aliados, a direção estadual deixou toda a negociação com Lupi e trata apenas de amainar resistências.
Localmente, o partido tem buscado apoio de prefeitos petistas. A despeito das dificuldades impostas pelo comando do PT gaúcho, Lupi diz que há conversas avançadas com Avante, PSB e Cidadania.
No PT, a dificuldade para aceitar aliança com o PDT é explícita. A disposição é reprisar a candidatura de Edegar Pretto, que em 2022 ficou fora do segundo turno por 2.441 votos.
A cúpula estadual resiste a apoiar uma sigla que está na base de Leite e alega que o PT tem maior estrutura, tempo de propaganda e fundo eleitoral. Há um sentimento interno de que Lula não deve interferir nas decisões do diretório estadual. O presidente tem feito conversas com aliados nos Estados, mas só deve se dedicar ao tema novamente ao final da COP30.
Ciente da pressão de Lupi, Pretto intensificou os roteiros pelo Interior. O objetivo é mobilizar a militância para uma plenária estadual marcada para 29 de novembro.
Impasse para o Senado
A direção espera fazer do evento o lançamento não só da candidatura de Pretto como a de um postulante ao Senado. A vaga, porém, alimenta outra disputa. No terceiro mandato consecutivo, Paulo Paim tem manifestado desejo de concorrer novamente.
Em 2022, ele havia anunciado que se aposentaria, o que estimulou pretendentes à vaga, sobretudo o deputado Paulo Pimenta.
Paim reuniu aliados semana passada em Canoas e disse que está disposto a tentar um quarto mandato, mas disse ao partido que teria uma resposta definitiva até 20 de novembro.
Na terça-feira, o senador pediu mais cinco dias de prazo. A demora criou um ambiente de tensão na sigla. Com discrição, Pimenta trabalha junto a Lula para fazer de Paim ministro da Igualdade Racial. Como Anielle Franco deixa o cargo em março para concorrer, Paim assumiria em seu lugar, deixando o caminho livre para Pimenta concorrer ao Senado.
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