Uma "era de ouro" entre Brasil e EUA?
Não é novidade que o clima mudou entre Brasil e Estados Unidos. Mesmo que tenha ocorrido uma redução de tarifa de alimentos sem exigência de contrapartida, houve surpresa com uma declaração otimista do cônsul-geral dos EUA no país, Kevin Murakami, feita na noite de terça-feira em evento que reuniu governo e empresários brasileiros e americanos na capital paulista:
- Estou em São Paulo com uma tarefa primordial: apoiar o objetivo da administração Trump de inaugurar uma era de ouro entre os Estados Unidos e o Brasil.
Alguns presentes se entreolharam. Mas Murakami deixou claro que não estava fora da realidade, ao constatar:
- Ainda temos muitas diferenças bilaterais a resolver.
Com a maior parte dos produtos que mais exporta aos americanos ainda submetida a alíquotas entre 25% (setoriais) e 50%, o setor exportador gaúcho parece poder contar com esperança baseada, ao menos, em declarações.
De "ponto crítico" a "alívio tarifário"
Murakami reconheceu que sua chegada ao Brasil, há dois meses, ocorreu em "ponto crítico" das relações bilaterais, mas ofereceu um incentivo:
- Todos devem se sentir encorajados pelo fato de que nossos presidentes já se reuniram, as negociações já estão começando, e os EUA já ofereceram algum alívio tarifário.
É claro que isso significa que o Brasil tem algo que interessa à atual gestão da Casa Branca. Nas palavras do cônsul-geral, seriam investimentos brasileiros. Aportes na economia americana - como os US$ 1,3 trilhão da União Europeia - têm sido moeda de troca nas negociações tarifárias.
- Gostaria, em nome de todo o governo americano, de fazer uma chamada à ação: que as empresas brasileiras aumentem seus investimentos nos Estados Unidos.
O pedido dá ainda mais consistência ao aceno inesperado de um representante dos EUA no Brasil. O país continua sem embaixador. Mas esse discurso, de fato, dá um sinal de que o lado americano está interessado na reaproximação. _
Depois de uma série de quedas, a bolsa voltou a registrar recorde nominal ontem. A alta de 1,7% levou o Ibovespa a 158,5 mil pontos. O dólar caiu 0,77%, para R$ 5,335. O ânimo vem de perspectiva de baixa no juro, aqui e nos EUA.
Brasil perde dólares no balanço cambial
O déficit em transações correntes, uma espécie de balanço da entrada e saída de dólares no Brasil, vem se aprofundando. É normal que o resultado líquido seja negativo, mais acentuado em períodos de apreciação do real, como o atual.
Mas nos 12 meses acumulados até outubro, o gasto superou a receita em US$ 76,6 bilhões, com dois déficits mensais superiores a US$ 10 bilhões no período e outros dois perto desse nível.
Déficits tão profundos são incomuns na série histórica. Surgiram em fevereiro deste ano e dezembro de 2024 - marcado pela combinação da reação negativa ao pacote de corte de gastos e remessa de lucros por multinacionais. Antes, volume similar só aparece em janeiro de 2020, nos primeiros sinais da pandemia de covid-19.
Parte desse déficit é atribuída ao desempenho mais forte da economia e ao real valorizado, o que significa que ter resultado negativo nessa conta não é ruim. Outra é mais estrutural, advertiu o economista-chefe do banco Itaú, Mário Mesquita:
- Os brasileiros estão gastando mais em serviços como streaming (caso de Netflix e HBO) e cloud ("nuvens" de dados como o Cloudfare, que teve problema recente). _
Às vezes, dá um estremecimento momentâneo por disputa, expectativa frustrada, o que é natural. Mas tenho confiança de que isso passa.
Fernando Haddad - Ministro da Fazenda e o orçamento?
Uma das missões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é recuperar alguma interlocução com o Congresso. O governo Lula precisa aprovar o orçamento de 2026 até o final deste ano. E, antes, ainda necessita de apoio para recompor parte da receita prevista nas contas do próximo ano. Em tese, a peça orçamentária de 2026 precisa prever superávit primário, ou seja, receitas maiores do que despesas. Até agora, isso não está garantido.
Startup gaúcha de saúde ganha aceleração
O programa Mulheres Inovadoras, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, tem representante gaúcha. A startup Núcleo Vitro, de Porto Alegre, participa de mentorias e treinamentos e pode receber prêmio de até R$ 100 mil como parte do projeto de aceleração nacional, que termina amanhã.
A empresa é focada em testes laboratoriais de segurança e eficácia de produtos de saúde em pele artificial, sem recorrer a animais, em método conhecido como in vitro. Em seis anos de operação, a Núcleo Vitro fez avaliação de cerca de 2,4 mil produtos, atendendo cerca de 240 empresas no Brasil e outros 11 países.
Um fórum otimista
Conhecido por debater em tom crítico e provocador, o Fórum da Liberdade terá uma dose de otimismo na sua próxima edição: "O Brasil tem jeito". Organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), é realizado desde 1988 em Porto Alegre e, em 2026, será em 9 e 10 de abril, na PUCRS. _
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