quarta-feira, 19 de novembro de 2025


19 de Novembro de 2025
SUSPEITA DE VAZAMENTO

SUSPEITA DE VAZAMENTO

MEC anula três questões do Enem e aciona a PF

Órgão vinculado ao Ministério da Educação aponta que houve similaridade entre os itens divulgados nas redes sociais e os aplicados

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), anulou três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após suspeita de vazamento. A Polícia Federal (PF) foi acionada para investigar o caso.

A equipe técnica responsável pela montagem das provas identificou similaridades entre questões divulgadas nas redes sociais e as aplicadas no exame, o que motivou a anulação. O Inep reforçou, em nota, que nenhuma questão estava exatamente como na prova e que os protocolos de segurança foram cumpridos em todas as etapas.

Os rumores de vazamento de questões do Enem começaram segunda-feira à noite, dia seguinte à aplicação das provas de matemática e ciências da natureza, após uma live nas redes sociais de Edcley S. Teixeira, professor do Ceará que também é estudante de Medicina e vende pacotes com monitorias para candidatos do Enem.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, em suas postagens nas redes sociais, ele mostra a semelhança entre as perguntas e dá explicações para seu método de estudo para antecipar o conteúdo da prova, que ele chama de "engenharia reversa".

Pré-testes

De acordo com o g1, Teixeira afirma que participa dos pré-testes realizados pelo Inep e que consegue lembrar de detalhes das perguntas. Com base nisso, ele oferece aulas online como curso preparatório. Em uma das questões apresentadas na live, quatro das cinco alternativas eram idênticas às da prova oficial, incluindo a resposta correta.

Outro exemplo citado envolve uma pergunta sobre ruído sonoro, com todos os elementos reproduzidos fielmente.

Ele afirma ter tido acesso antecipado a questões do Enem de 2023 e 2024, que também foram trabalhadas em seu curso.

Em nota, o Inep informou que utiliza "a Teoria da Resposta ao Item (TRI) para apuração de seus resultados". A instituição explicou que a metodologia demanda que os itens sejam pré-testados. "Os estudantes que participam de pré-testes têm contato com itens que podem vir a compor o Enem em alguma edição", acrescentou o Inep no comunicado.

A PF foi acionada para investigar a autoria e a conduta na divulgação das questões, além de apurar possível quebra de confidencialidade. _

Desde que foi criado como um vestibular, em 2009, as perguntas do Enem são feitas por professores de universidades federais e, depois, precisam ser aplicadas a pessoas com perfil semelhante aos estudantes do Ensino Médio.

A partir desse banco de itens já pré-testados, são escolhidas as questões que farão parte de cada prova. Perguntas consideradas ruins pelos técnicos do Inep são eliminadas. E há ainda outras que não foram pré-testadas e o próprio Enem é usado como teste.

Em 2011, o pré-teste do Enem também esteve envolvido em outra polêmica.

Um professor do Colégio Christus, em Fortaleza, distribuiu um caderno de exercícios aos vestibulandos com questões que tinham sido usadas no pré-teste no ano anterior. A escola tinha sido usada para aplicação do pré-teste.

Após a denúncia, que foi investigada pela Polícia Federal, o Inep anulou 14 questões do Enem para 1.139 alunos do 3º ano e do cursinho pré-vestibular do Christus. Os itens entregues aos estudantes da instituição eram idênticos ou parecidos aos que caíram na prova.

Em 2009, o jornal O Estado de S. Paulo denunciou que a prova foi roubada da gráfica onde era impressa, e o Enem foi anulado para todos os 4 milhões de candidatos dias antes de ser aplicado.

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