Reinaldo Azevedo
21/11/2014 02h00
O PT e a máfia
A
máfia é uma organização criminosa privada que busca se apoderar do Estado,
infiltrando-se na política, na polícia e na Justiça. O alvo são os negócios. No
Brasil, assistimos a algo um pouquinho diferente.
Primeiro
a "organização" se encarregou de dominar aparelhos influentes:
universidades, movimentos sociais, imprensa etc., promovendo a guerra cultural,
de modo a subverter valores comezinhos. Depois veio o domínio do aparelho de
Estado, por meio de eleições. A exemplo da máfia tradicional, o alvo também
eram os negócios.
É
claro que me refiro ao PT. Os tolos tendem a baratear a crítica, inferindo que
se trata de um juízo conspiratório a acusar a existência de um órgão
inteligente a orientar as etapas de uma conquista. Nunca vislumbrei no petismo
uma inteligência nem superior nem inferior. Não se trata de uma inteligência,
mas de uma natureza.
Qual
natureza? A da justificação do mal –e, nesse particular, os petistas são, sim,
legítimos herdeiros do marxismo como existiu. É preciso quebrar ovos para fazer
omelete, na metáfora que Nadejda Mándelstam, mulher do poeta dissidente Ossip
Mándelstam, empregou para definir o stalinismo. Para os companheiros, só existe
uma pergunta virtuosa: "Tal ação fortalece o PT?" Se a resposta for
"sim", inexiste solução moralmente errada.
O
partido se lançou no mercado de ideias como socialista. Simulava certa
honestidade de propósitos. E percebeu que o capitalismo no Brasil, dado o
tamanho do Estado, comporta uma espécie de ente de razão a orientar seus
desígnios. Na terra da pororoca, da jabuticaba e da penca de estatais, a ordem
capitalista repudia a destruição criadora em favor da construção sem imaginação
de potentados estado-dependentes, que se tornam intermediários da extorsão, que
pesa, de fato, nos ombros do povo.
Quanto
mais se robustece o poder estatal, mais influentes se tornam os corruptos. Aí a
OAB e o STF –com a possível exceção de Gilmar Mendes–, tiveram uma ideia asnal:
banir o mercado do financiamento de campanhas eleitorais e meter ainda mais
Estado na história. Por alguma razão estranha ao cérebro humano, os doutores
acham que, caso se proíbam as doações LEGAIS, terão fim as doações ILEGAIS e o
sobrepreço de obras. A imprensa embarca quase toda nessa porque jornalistas não
costumam ser íntimos de lógica e matemática, dois saberes reacionários.
É
preciso recuperar a cadeia virtuosa da civilização que importa: menos Estado,
menos corrupção, menos pobreza, mais liberdade. Ou é isso, ou o PT ainda se
orgulhará de 100 milhões de pessoas no Bolsa Família, enquanto R$ 21 bilhões da
Petrobras desaparecem no ralo da sem-vergonhice. E mais descarados são os que
usam a cara matéria-prima dos jornais para explicar a metafísica dos safados.
Nesta
segunda, a partir das 18h30, lanço na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em
São Paulo, o livro "Objeções de um Rottweiler Amoroso". Apareçam lá.
É uma publicação do selo editorial Três Estrelas, da Folha. Não importa o
cachorro que tentaram fazer de você, mas o que você fez do cachorro que
tentaram fazer de você. "I
waited so long for this moment/ Susanna, Susanna,/ She says I think I'd better
go/ She says goodbye and I say... NO!/ Susanna, I'm crazy loving
you."
Afinal,
um rottweiler amoroso!
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