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27 de
novembro de 2014 | N° 17996
LUCIANO
ALABARSE
PARA FUGIR DO
ABISMO
“A cada 10 minutos,
uma pessoa é assassinada no Brasil”; “Em 2014, nos meses de agosto e setembro,
o desmatamento da Amazônia aumentou 122% se comparado aos mesmos meses de
2013”; “O contingente de nossos indigentes aumentou 3,7%: 10,08 milhões em 2012
contra 10,45 milhões de miseráveis em 2013”.
É como se existissem
dois países à nossa disposição: um Brasil real e um fictício, maquiado ao sabor
das circunstâncias. Matrix perde. Publicados nos nossos principais jornais,
esses dados não são factoides eleitoreiros. Pelo contrário. São dados oficiais
e constam de relatórios governistas. O abismo é logo ali.
Enquanto Marta
Suplicy sai do Ministério da Cultura desejando que a presidente seja iluminada
na escolha de sua nova equipe econômica, dona Eva Sopher continua em busca de
recursos para terminar o Multipalco do Theatro São Pedro. Quando implementadas
com seriedade, e em tempo hábil, políticas públicas perpetuam seus gestores.
E se há algo a
esperar das novas autoridades estaduais da Cultura é que não tergiversem nem
adiem a finalização desse extraordinário projeto. Deixem dona Eva, em vida, ver
seu sonho realizado. Todos nós, gaúchos, merecemos o Multipalco. E merecemos,
também, a finalização de todas as obras dos equipamentos culturais já em
andamento. Devolver a potência cultural ao Rio Grande do Sul deveria ser meta e
missão.
A falta de
credibilidade intectual da classe política é fato. Por isso mesmo, a publicação
de Radicalizar a Democracia, de Jairo Jorge, é um contraponto necessário à
mediocridade dos nossos representantes legítimos. Emendei com O Círculo, de
Dave Eggers. Distintos em gênero e alcance histórico, ambos demonstram
preocupações relevantes em relação às mudanças sociais contemporâneas. O
entusiasmo de um e a ironia do outro em relação às redes sociais, por exemplo,
merecem ampla reflexão.
Tenhamos fé, dona
Eva, que fé e pressão – na vida, na política e na cultura – não costumam
falhar.
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