24
de novembro de 2014 | N° 17993
“FOI
POUCO TEMPO MAS VALEU”
O adeus ao Cidadão Luciano
Leindecker
BAIXISTA
DA CIDADÃO QUEM, morto na sexta, será lembrado por contribuições à música
gaúcha
A
marca de Luciano Leindecker, músico que morreu na última sexta-feira vítima de
mieloma múltiplo, um tipo de câncer na medula óssea, era o baixo da Cidadão
Quem.
–
Ele começou tocando baixo com o (irmão) Duca quando tinha uns 16 anos na
Leindecker, que foi o embrião da Cidadão Quem – lembra o atual baterista da
banda, Claudio Mattos.
Emocionado,
ele contou que conhecia o “Alemão” há mais de 30 anos:
– O
Luciano tinha uns 13 ou 12 anos. A gente ouvia muito Van Halen. O Alemão era
mais erudito, gostava muito de música instrumental.
Como
baixista, teve vários bons momentos. Mattos destaca os shows no Festival de
Verão de Salvador e no Rock in Rio, ambos em 2001, como marcas da trajetória do
amigo.
Para
além do rock e da banda que o consagrou, o músico de 42 anos tinha outras
tonalidades musicais. Tocava baixo acústico, violão, violão de sete cordas e
piano.
–
Ele também criou um instrumento de cordas, o Quince, que é uma espécie de
bandolim.
O
motivo da criação do Quince, segundo um depoimento gravado no YouTube, foi para
dar de presente para o irmão e grande parceiro musical, Duca Leindecker.
Luciano
tinha algumas composições na Cidadão Quem, mas era com a banda Mani Mani que
vinha desenvolvendo outra vertente musical.
–
Foi com esse projeto que ele abriu o show do Fito Paez no Araújo Viana, no ano
passado – lembra Mauro Borba, radialista e diretor da Ulbra TV e da Rádio Mix,
que entrevistou o músico dezenas de vezes ao longo da carreira.
Na
Mani Mani, trio no qual era acompanhado por Paulo Inchauspe e Caio Girardi, ele
passou a dar vazão a outras partes da criação musical.
– Em
2009 e 2010, conversamos bastante, a Cidadão tinha dado um tempo, e ele começou
a tocar violão também. Dividíamos as composições. Dá para dizer que 50% eram
minhas e 50% eram dele – diz Inchauspe.
O
parceiro da nova banda lembra que ele tinha referências como Beatles, Paul
McCartney e Jaco Pastorius:
–
Mas ele era plural. Era um baita profissional.
No
início da carreira, Luciano chegou a trabalhar como modelo profissional e
participar de diversas campanhas publicitárias. A vida dele, contudo, era a
música.
–
Chegaram a convidá-lo para trabalhar em Nova York, mas ele recusou a
oportunidade por causa da banda – resume Claudio Mattos.
claudio.rabin@zerohora.com.br
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