sábado, 8 de novembro de 2014


09 de novembro de 2014 | N° 17978
PAULO SANT’ANA

Drogas liberadas

Leio que um juiz mandou soltar o chefe do tráfico no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro e o secretário da Segurança carioca ficou indignado.

A respeito disso, nunca entendi direito por que prendem os produtores de drogas e os traficantes de drogas, e não prendem os consumidores de drogas.

Afinal, nesse elo entre produtores, traficantes e consumidores, o vértice mais importante desse triângulo são os consumidores. Se estes não existissem, não iria haver os produtores e consumidores. Traficar e produzir para quem?

Mas como o consumo de drogas está espalhado e enraizado na sociedade, iria ser um deus nos acuda mandar prender os usuários de drogas. Acabaria alguém da nossa família ou do nosso círculo mais íntimo sendo levado à cadeia.

Isso se tornaria perigoso para nós todos.

Deduzo, então, que os consumidores de drogas não são presos porque são eles que sustentam esse elo entre a traficância e o consumo, eles é que pagam pelo vício. Os produtores e os traficantes são pagos por eles.

Quando se fala em liberar as drogas, parece que uma bomba é lançada sobre a sociedade e muitos alegam que o consumo de drogas então seria alastrado como uma grande e maior praga social da que agora assim se configura.

Mas uma coisa é certa nisso tudo: fossem liberadas as drogas, morreria muito menos gente, ou melhor, não morreria ninguém assassinado. E tantas pessoas são assassinadas no Brasil por causa das drogas.

Eu, se fosse importante, faria esta experiência: liberar as drogas. Tenho quase certeza de que a situação social melhoraria.

Para começar, acabariam os traficantes. Todo mundo iria comprar suas drogas no comércio legal e licenciado.

Não seria de se fazer essa experiência? Só em escrever isso, sei que arrepio muita gente. Mas essa gente não se arrepia agora com as drogas proibidas?

Isso que nunca usei droga em minha vida.

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