sábado, 15 de novembro de 2014


15 de novembro de 2014 | N° 17984
ECONOMIA | Marta Sfredo

UM GOLPE NACADEIA DE ÓLEO E GÁS

No mau sentido, ontem foi um dia histórico para a economia brasileira. Além de todas as suspeitas que sufocavam a maior estatal do país, 20 empresários e altos executivos ligados a grandes empreiteiras tiveram ordem de prisão existem alguns foragidos entre os caixas altas. Mais do que o estrago óbvio na imagem das companhias e do governo, a sétima etapa da Operação Lava-Jato terá efeito devastador em uma política pública que já vinha dando sinais de esgotamento: a de conteúdo nacional.

Não é por acaso que, desta vez, a investigação não envolve multinacionais, diferentemente do caso do cartel do metrô em São Paulo. O tamanho do buraco que o episódio das prisões vai provocar na estratégia de exigir ao menos 65% de produtos ou serviços brasileiros nas compras da Petrobras ainda está por ser definido, mas o critério foi definitivamente abalado.

Todo o espetáculo de policiais carregando malotes, porém, pode ter mais efeito cênico do que esclarecedor para as investigações. Há relatos de que foram apreendidos registros e livros contábeis, recibos, agendas, ordens de pagamento e documentos relacionados à manutenção e movimentação de contas no Brasil e no Exterior, além de discos rígidos, laptops, pendrives, smartphones, agendas manuscritas e eletrônicas.

No entanto, a ofensiva de ontem era esperada há mais de um mês, desde quando as gravações dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef foram divulgadas. No dia 10 de outubro, a coluna já comentava a expectativa e a movimentação nos grandes escritórios de advocacia do país. Ou seja, houve tempo útil para evitar deixar provas comprometedoras e até para esboçar a estratégia de defesa. À medida que as investigações avançarem, vai ficar mais claro quem tem contas a ajustar com a Justiça e quem entrou de roldão na operação policial.


NOMES QUE SE TORNARAM FAMILIARES no Estado nos últimos anos, o vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, e o diretor-presidente da Iesa, Valdir Lima Carreiro, frequentavam o circuito empresarial gaúcho. Não chegavam a ser presença constante nem ter convívio muito próximo, mas compareciam com certa regularidade a eventos mais importantes.

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