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27 de
novembro de 2014 | N° 17996
PAULO
SANT’ANA
Além do horizonte
Esses dias, cansado
de olhar para o horizonte, resolvi dar uma chegada lá.
E o que encontrei lá
no horizonte? Outro horizonte.
Assim são nossos
problemas. Quando atingimos a solução para cada um deles, surge-nos outro.
Eu já estou cansado
de saber que a vida não tem mesmo solução.
Quem nos designou
para a vida sabia que estava nos atirando a um labirinto inescapável de
encrencas.
Fui fazer, por
exemplo, anteontem, uma ecografia abdominal total.
Quando busquei a
prescrição junto ao médico, ele me disse: “Você quer mesmo saber de seus
problemas abdominais? Está bem, mas depois não diga que não o avisei”.
Aquele experiente
médico, com tantos e tantos anos de clínica, tem bem presente que basta buscar
exames laboratoriais para encontrar uma encrenca.
Sei de pessoas que
não vão ao médico e jamais farão exames radiográficos. Porque elas têm certeza
de que basta procurar para achar.
Quando tiro sangue,
e o dr. Gross, junto com o dr. Sarmento Barata, me dá requisições de exames,
levo um maço delas até o laboratório e, ao buscar o resultado, já sei que
haverá más notícias.
Lugar de más
notícias é laboratório ou hospital. É ali, ao redor desses dois locais, que
levamos os grandes sustos de nossas vidas.
Um amigo foi comigo
ao hospital e lá me disse o seguinte: “É aqui no hospital que a bola está
picando. De cada 10 quartos que existem aqui, em cinco vão morrer pessoas”.
Vocês conhecem lugar em que mais morrem pessoas do que o hospital?
É preciso
reconhecer, no entanto, que hospital é lugar ideal também para salvar pessoas.
A banca do jogo da
sobrevivência e da morte paga e recebe. Rola a bolinha na roleta e sai o número
da nossa salvação ou da nossa morte.
A vida nada mais é
do que um cassino de apostas.
Nesse cassino, há um
grande número de más notícias e um pequeno lote de boas novas.
É o que se
convencionou chamar de sorte ou azar.
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