29
de novembro de 2014 | N° 17998
PAULO
SANT’ANA
Oração aos
moços
Um
adjetivo frequentemente usado para desqualificar uma pessoa é “velho”.
Uma
pessoa pode ser ligeira, competente e até talentosa, mas se diz que é “velha”.
E
quantas e quantas pessoas são preconceituosamente julgadas e, de forma
inapelável, são excluídas do meio social só por serem “velhas”.
Às
vezes, noto alguns desses julgamentos. Os justiceiros ouvem que aquela pessoa é
acurada, cumpridora dos seus deveres, exata e eficaz nas suas tarefas e
respondem firmemente: “Mas é velha”.
E
atiram-se ao lixo os velhos.
Sei
que é fatal na vida que os velhos sejam sucedidos pelos mais moços.
E,
lá adiante, os mais moços vão topar, daqui a anos, com esta mesma
arbitrariedade: serão julgados por serem velhos.
Só
que, em qualquer disputa, seja no trabalho em geral ou no esporte, o certo, o
justo, o adequado é que as pessoas sejam julgadas por suas aptidões e não por
sua idade.
No
caso do esporte, há um episódio bem peculiar rondando o Grêmio: Zé Roberto é um
jogador de 40 anos de idade e no entanto se equipara a muitos jogadores do
Grêmio ou até os supera dentro de campo.
Zé
Roberto já foi julgado “velho” e por isso perdeu seu lugar no time.
Mas
foram ver melhor e constataram que o velho Zé Roberto não é bagaço para ser
jogado fora.
É
craque. Essa ojeriza aos velhos é compreensível: os velhos realmente estão mais
sujeitos às doenças físicas e mentais.
Mas
é preciso lembrar que Abraham Lincoln, Rui Barbosa e Getúlio Vargas eram
velhos.
Recebi
do Sindicato dos Petroleiros uma reclamação quanto a uma coluna minha, a do dia
19 de novembro.
Naquela
coluna, afirmei, com análise ampla dos fartos atos de corrupção havidos na
Petrobras e que estão sendo objetos de investigação no país, que “basta ter
trabalhado ou estar trabalhando na Petrobras para ser suspeito”.
O
Sindipetro, por seu presidente, Fernando Maia da Costa, mandou uma resposta
para mim queixando-se da generalização contida ali no trecho citado acima.
Tem
razão o missivista. Generalizei e errei.
Mas
foi tão grande a roubalheira na Petrobras, que eu escorreguei nessa casca de
banana.
Desculpe.
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