27 de setembro de 2014 |
N° 17935
CLÁUDIA LAITANO
Eles por elas
1.Uma jovem aluna da Universidade
Columbia, em Nova York, percorre todos os dias os 600 metros que separam o
dormitório estudantil onde ela mora do Departamento de Artes Visuais, onde
estuda, carregando um enorme colchão azul. Ela não pode pedir ajuda, mas aceita
se alguém se oferecer para ajudá-la a carregar seu fardo. Inspirada por uma
canção dos Beatles, Carry the Weight, Emma Sulkowicz transformou um drama
pessoal em uma espécie de projeto artístico que é também um protesto e um
alerta.
Enquanto o estudante que a atacou
sexualmente 1397059140 a ela e a mais duas outras alunas 1397059140 permanecer
impune, ou até se formar, Emma pretende continuar carregando seu colchão azul
pelo campus de uma das mais prestigiadas universidades americanas.
2.Do outro lado do mundo, um
grupo chamado YesNoMaybe produziu um vídeo nos moldes da série Vai fazer o
quê?, do Fantástico. Dentro de uma van branca estacionada em uma rua
movimentada de Nova Délhi, uma atriz grita e pede ajuda, como se estivesse
sendo estuprada. A maioria dos passantes segue adiante sem preocupar-se em
ajudar ou chamar a polícia. Apenas dois homens tentam fazer alguma coisa
1397059140 um deles um velho que bate na van com sua bengala. O vídeo faz parte
de uma campanha para diminuir a apatia diante da cultura do estupro coletivo na
Índia.
3.Há dois anos, no agreste
paraibano, um homem resolveu brindar o irmão com um presente macabro: um
estupro coletivo de mulheres. Disfarçados de assaltantes, os amigos invadiram a
festa de aniversário e estupraram cinco convidadas. Duas reconheceram os
estupradores e foram mortas. Ontem, depois de 17 horas de julgamento, o mentor
do estupro coletivo, que ficou conhecido internacionalmente como 1396984945a
barbárie de Queimadas1396986481, foi condenado a 106 anos de prisão.
4.Na semana passada, a atriz Emma
Watson lançou na ONU o movimento HeForShe, convidando os homens a se engajarem
na luta pela igualdade de direitos e oportunidades dos gêneros e contra a
violência. Em um discurso comovente, a atriz lembrou que a igualdade favorece a
ambos os sexos e que homens têm o direito de negar estereótipos tanto quanto as
mulheres 1397059140 pois a vida já é difícil o suficiente sem que cada um tenha
que fingir ser o que não é.
O combate à violência sexual e à
violência doméstica, a luta pela legalização do aborto e pelos mesmos salários
e todas as outras grandes causas feministas são causas de direitos humanos e
deveriam ser abraçadas igualmente por homens e mulheres.
A maioria dos homens aprende,
ainda na adolescência, a perceber a diferença entre um sim, um não e um talvez.
O que o discurso de Emma Watson pede é que esses homens bacanas, que têm irmãs,
namoradas, mães, amantes, ficantes, amigas de infância, coloquem-se ao lado de
todas as outras mulheres, as que são namoradas, mães, irmãs e amigas de outros
homens, agindo com coragem, energia e determinação diante de situações de
injustiça ou violência. Homens, precisamos de vocês – tanto quanto vocês
precisam de nós.
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