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quinta-feira, 25 de setembro de 2014
25 de setembro de 2014 | N° 17933
EDUCAÇÃO
Doente quase de verdade
AO SIMULAR PROBLEMAS que exigem procedimentos de emergência, como paradas cardíacas,manequins dão toque de realidade às aulas práticas na Faculdade de Medicina da PUCRS
Estatelado em uma maca, um paciente sofre parada cardíaca e precisa ser reanimado. Em outro leito, uma criança emite os sons característicos de uma obstrução respiratória. Poderiam ser situações reais na emergência de um hospital – mas são apenas bonecos de alta tecnologia que dão toque de realidade às aulas práticas da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famed/PUCRS).
Os pacientes são de mentirinha, mas simulam tão bem os sinais vitais e os sintomas clínicos de um humano que se tornaram o xodó da disciplina de Habilidades Médicas, ministrada no terceiro ano de curso. Ao imitar a vida real, dão aos acadêmicos a segurança necessária para enfrentar a Medicina fora das salas de aula.
– Nós, mais velhos, aprendemos com pacientes de verdade, na base da tentativa e erro. Os alunos de hoje vão ter a vantagem de treinar bastante para, mais tarde, prestar atendimento com a máxima precisão possível – afirma o professor do departamento de Cardiologia e chefe da UTI Coronariana do Hospital São Lucas, Mario Wiehe.
TABLET CONTROLA AS ENFERMIDADES
Os manequins são conectados a uma espécie de tablet. Nele, os professores podem escolher, entre uma centena de opções disponíveis, as enfermidades das quais o boneco vai sofrer. Se o “coração” parou, por exemplo, são necessárias de 100 a 120 compressões cardíacas por minuto para ressucitá-lo, de acordo com os procedimentos médicos básicos. O aparelho mede este índice e, assim, revela o rendimento do futuro médico na atividade.
Nos corpos de plástico também estão indicados, por exemplo, os locais onde devem ser posicionadas as pás dos desfibriladores e os melhores pontos para auscultar os batimentos cardíacos. São um recurso pedagógico valioso, de acordo com o diretor da Famed, Jefferson Luis Braga da Silva.
– A técnica da repetição ilimitada é muito importante nesses casos. É como aprender a escrever: é preciso praticar incessantemente – diz Silva.
Ele lembra da frustração de, quando acadêmico de Medicina, nunca ter tido a chance de identificar diferentes tipos de sopro no coração – o que seria possível caso os bonecos, importados da Noruega, já existissem à época em que era estudante.
– A variedade de condições clínicas às quais podemos submeter os manequins é importante, pois há situações que talvez os alunos jamais vejam em uma emergência da vida real – aponta Braga.
Para o coordenador do curso de graduação, Carlos Kupski, o avanço tecnológico proporciona que os estudantes vivenciem quadros críticos, em que a intervenção imediata modifica o desfecho de uma doença. Nos 29 simuladores – adultos, crianças e bebês que, como se fossem humanos, choram, tossem, gemem de dor e até vomitam – é possível, também, administrar medicamentos intravenosos, medir pressão arterial, aplicar eletrocardiograma e introduzir sondas nasogástricas.
– O mais interessante é que o boneco interage com o aluno, oferecendo respostas aos tratamentos. Com estas aulas práticas, a gente se sente preparado para lidar com pacientes reais no futuro – diz Michel Hoefel, aluno do quinto ano da Famed.
luisa.martins@zerohora.com.br
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