sexta-feira, 26 de setembro de 2014


É PRIMAVEEEERAAAAAA!!!!

 Setembro no fim, é primaveeeraaa!!!! Te amo..., eterna voz do Tim Maia ao fundo. Vem outubro, melhor mês em Porto Alegre. Ah, tu gostas mais de abril? Tá bem, tá bem, vivente, não vamos discutir. Gaúchos não gostam de divergir, não é? Mas que cosa. Estamos unidos, respeitando as diversidades e as individualidades, em benefício do todo harmônico na direção do bem comum, com vistas aos altos interesses do Rio Grande, oigaletê porquera, tchê!

Mas que barrrrbaridaaaade! Sirvam nossas modelos de sanha, façanha e modelo para toda a terra! Viva o 20 de setembro! Liberdade não tem arreio! Domingão, dias de pernas para o ar, mas saio para caminhar. Aposentado não deve ficar só nos aposentos.

Penso no Parcão, nosso Rio de Janeiro-Moinhos, com seu lago Rodrigo de Freitas, sua passarela Goethe Aterro do Flamengo e suas árvores, tipo assim, Jardim Botânico Tom Jobim. Penso melhor, quero ir para o exterior. Domingo o Parcão é das bicicletas, das crianças, dos cachorros e dos que trabalham durante a semana. Não vou atrapalhar. Entro no portão do número 200 da rua 24 de Outubro.

Em meio aos jardins e prédios do Dmae - que já foi chamado de “demais”- sem passaporte e sem precisar de euros, me sinto em Paris ou Versalhes, como desejo. Caminho, aproveito o sol, as flores, as plantas e os gramados. Esqueço do celular, do Face e de umas outras coisas e problemas. Por algum tempo, penso nas águas, só nas águas. Jovens sadios, uns sarados, fazem piquenique. Um toca violão, uns cantam.

Ao que parece, bebem com moderação e curtem, imoderadamente, a luz do inverno. Beleza. Uns jogam uma espécie de futevôlei, outros conversam mole. O domingo vai se despedindo sem pressa, feito um barco ao longe, no horizonte azul. Sento no banco antigo, concentro na Torre, depois fecho os olhos e imagino a Torre. Tiro-a da imaginação. Quando quase penso em nada, em estado de consciência pura, ouço passinhos.

Abro os olhos, vejo as sapatilhas com lantejoulas, o vestido branco curto, com bolinhas pretas, e o chapéu coco da Clarissa, a modelo chapliniana, que chega com dois fotógrafos. Ela sobe na base de um poste antigo, depois faz poses reclinada num banco. As câmeras registram o leite de sua pele, o mar de seus olhos claros mirando o futuro e os cabelos platinados reluzindo.

Na volta, mais uma Veja, na esquina. Na capa, os três patrióticos pretendentes a presidente. Aí já estou no Brasil, pensando na segunda, em quem votar, na falta de planos para nossa economia e nas velhas crônicas sobre a falta de assunto. Eram as melhores.


Jaime Cimenti

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