É PRIMAVEEEERAAAAAA!!!!
Setembro no fim, é primaveeeraaa!!!! Te
amo..., eterna voz do Tim Maia ao fundo. Vem outubro, melhor mês em Porto
Alegre. Ah, tu gostas mais de abril? Tá bem, tá bem, vivente, não vamos
discutir. Gaúchos não gostam de divergir, não é? Mas que cosa. Estamos unidos,
respeitando as diversidades e as individualidades, em benefício do todo
harmônico na direção do bem comum, com vistas aos altos interesses do Rio
Grande, oigaletê porquera, tchê!
Mas que barrrrbaridaaaade! Sirvam
nossas modelos de sanha, façanha e modelo para toda a terra! Viva o 20 de
setembro! Liberdade não tem arreio! Domingão, dias de pernas para o ar, mas
saio para caminhar. Aposentado não deve ficar só nos aposentos.
Penso no Parcão, nosso Rio de
Janeiro-Moinhos, com seu lago Rodrigo de Freitas, sua passarela Goethe Aterro
do Flamengo e suas árvores, tipo assim, Jardim Botânico Tom Jobim. Penso
melhor, quero ir para o exterior. Domingo o Parcão é das bicicletas, das
crianças, dos cachorros e dos que trabalham durante a semana. Não vou
atrapalhar. Entro no portão do número 200 da rua 24 de Outubro.
Em meio aos jardins e prédios do
Dmae - que já foi chamado de “demais”- sem passaporte e sem precisar de euros,
me sinto em Paris ou Versalhes, como desejo. Caminho, aproveito o sol, as
flores, as plantas e os gramados. Esqueço do celular, do Face e de umas outras
coisas e problemas. Por algum tempo, penso nas águas, só nas águas. Jovens
sadios, uns sarados, fazem piquenique. Um toca violão, uns cantam.
Ao que parece, bebem com
moderação e curtem, imoderadamente, a luz do inverno. Beleza. Uns jogam uma espécie
de futevôlei, outros conversam mole. O domingo vai se despedindo sem pressa,
feito um barco ao longe, no horizonte azul. Sento no banco antigo, concentro na
Torre, depois fecho os olhos e imagino a Torre. Tiro-a da imaginação. Quando
quase penso em nada, em estado de consciência pura, ouço passinhos.
Abro os olhos, vejo as sapatilhas
com lantejoulas, o vestido branco curto, com bolinhas pretas, e o chapéu coco
da Clarissa, a modelo chapliniana, que chega com dois fotógrafos. Ela sobe na
base de um poste antigo, depois faz poses reclinada num banco. As câmeras
registram o leite de sua pele, o mar de seus olhos claros mirando o futuro e os
cabelos platinados reluzindo.
Na volta, mais uma Veja, na
esquina. Na capa, os três patrióticos pretendentes a presidente. Aí já estou no
Brasil, pensando na segunda, em quem votar, na falta de planos para nossa
economia e nas velhas crônicas sobre a falta de assunto. Eram as melhores.
Jaime Cimenti
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