terça-feira, 9 de setembro de 2014


09 de setembro de 2014 | N° 17917
MOISÉS MENDES

Delação completa

É óbvia demais a lista com os nomes delatados pelo homem da Petrobras. É uma lista velha. Renan Calheiros e assemelhados num grupo que recebia propina?

Tem gente de quatro partidos (PT, PMDB, PP e PSB), e a maioria é figura carimbada. O dedo-duro não poupou nem Eduardo Campos. Só faltou Marcos Valério. Esperava-se mais.

Alguém, claro, quer divulgar os nomes que o ex-diretor Paulo Roberto Costa entregou à Polícia Federal. Mas a missão ficou deliberadamente pela metade. Estariam faltando gente citada de outros dois partidos e os nomes dos que subornavam – das empreiteiras e dos fornecedores de equipamentos que corrompiam Costa.

A lista dos corruptores é a conexão com os nomes dos políticos delatados. São os executivos e os operadores mandaletes. A Folha de S. Paulo diz que a PF já sabe quem são e onde estão as contas que movimentavam no Exterior.

Costa negociava contratos e comissões. Até o guardador de carros da sede da Petrobras no Rio sabe que, se alguém recebeu propina de favorecidos com os negócios, alguém mandou pagar. Falta esta lista.

Falta saber, no caso da Petrobras, o que já se ficou sabendo no episódio da Siemens, da Alstom e de mais 10 empresas envolvidas no superfaturamento do metrô tucano de São Paulo. Quem subornava?

O corruptor é um sujeito protegido. Não há corruptor na cadeia. Mas o serviço público já expulsou centenas de barnabés pés de chinelo envolvidos em corrupção. E a Justiça mandou muitos deles para a prisão.

O corruptor sempre se protegeu na omissão das leis. E sempre ficou em segundo plano ou até mesmo fora de qualquer plano nas coberturas jornalísticas. É uma falha que a própria imprensa admite.

O corruptor é uma categoria à parte. Alguém pode (e deve) ser indiciado por tentativa de qualquer coisa: assalto, homicídio, latrocínio e, se sair por aí pelado, até por atentado ao pudor.

Mas quem é indiciado por tentar corromper, ou mesmo quando consegue corromper? Ou quando tenta superfaturar obras, ou quando consegue superfaturar? Ser corruptor era o melhor negócio no Brasil.

Raramente você vê a cara de quem corrompe. Há um ano temos uma lei, a 12.846, feita para quem corrompe. A nova lei anticorruptor será testada no caso do metrô paulista e, espera-se, no episódio das propinas da Petrobras.

Agora, falando sério: você imagina ver um dia um corruptor sendo levado para a cadeia?

Não um chinelão qualquer da parte mais suja do esquema, mas um corruptor de unhas feitas, um mandante, como os 30 indiciados pelo cartel do superfaturamento do metrô, que repartiam o dinheiro com gente dos governos tucanos de São Paulo.

Você acredita que isso possa acontecer? Eu acredito que o Grêmio ganha o Brasileirão, volta para a Copa do Brasil, vence a Libertadores invicto e, para vingar Felipão, goleia o Bayern de Munique na final do Mundial de Clubes. É no que acredito no momento.


Pablo quase saiu aos pulos da cama, no sábado, na vitória do Grêmio no Maracanã. Foi contido pela Inajara e pelas enfermeiras do Moinhos. Pablito foi operado e está no ritmo tricolor, em franca recuperação. E quer voltar antes da ascensão do Grêmio ao G-4.

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