08
de setembro de 2014 | N° 17916
L.F.
VERISSIMO
Outra carta da
Dorinha
Recebo
outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, a única brasileira que tem
caderno no Pitanguy, diz que o mundo só saberá sua idade vendo os anos de
nascimento e morte na sua lápide e fazendo a conta, e mesmo assim pode ser
mentira. Como morrer não está nos seus planos, o assunto é acadêmico.
Dorinha
tem sido pouco vista em acontecimentos sociais ultimamente (ela contratou uma
dublê para sair em todos os números da Caras no seu lugar) porque esteve
ocupada planejando sua campanha para a Presidência da República.
As
reuniões do seu comitê eleitoral, formado por integrantes do grupo de carteado
e pressão política “Socialaites Socialistas”, têm sido dificultadas pelo uso
indiscriminado de botox entre as participantes, o que impossibilita sua
identificação e prejudica a detecção de eventuais espiões.
Outro
problema que a campanha está enfrentando é... Mas deixemos que a própria
Dorinha nos conte. Sua carta veio escrita com tinta lilás em papel púrpura
cheirando a Mange Moi, um perfume proibido em vários países.
“Caríssimo!
Beijos úmidos. Sim, sou candidata. Se é para ter uma mulher na Presidência, que
seja uma mulher e tanto. Minhas credenciais para o cargo são impecáveis, sem
falar no meu corpo perfeito e na minha receita de alcachofras à la Venere, que
já enlouqueceram muitos, o corpo e as alcachofras.
Tenho,
inclusive, experiência própria numa das principais questões das próximas
eleições, o casamento gay. Cansada da repetição aborrecida em todos os meus
casamentos – sempre homem, sempre homem – resolvi experimentar com mulher.
Eu e
minha fiel companheira Tatiana (“Tati”) Bitati nos casamos só para saber como
seria. Acabamos brigando por uma bobagem, o lugar para as calcinhas de cada uma
na banheira, e nos divorciamos. Mas eu traria meu conhecimento do tema para os
debates, enriquecendo-os. Inacreditavelmente, até agora nenhum partido se
interessou em me lançar como candidata.
Como
estou entre maridos, sem ninguém para financiar uma candidatura independente,
fui obrigada a procurar alianças com partidos não ortodoxos. (A sede de um
deles, acredite, era um bebedouro de praça.)
Estou
em conversações com uma coligação anarco-monarquista, e também procurei o PCK,
Partido Comunista Kardecista, que alega ser dirigido à distância pelo próprio
Lênin, além das duas facções em luta dentro do PMDB, a que apoia o governo seja
ele qual for e a que apoia o governo seja ele qual for irrestritamente.
Mas
acho que não vai dar. E não vou poder realizar o meu sonho de, durante a minha
entrevista, pular por cima da Patrícia Poeta e agarrar o William Bonner. Da tua
inconsolável Dorinha”.
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