terça-feira, 16 de setembro de 2014


16 de setembro de 2014 | N° 17924
MOISÉS MENDES

Sandra e Evaristo

Vão tirar a Patrícia Poeta do lado do William Bonner. É uma pena, porque a gente se acostuma com os apresentadores como se fossem gente da família. Eu sou dos que respondem, com entonação, ao boa-noite dos apresentadores do Jornal Nacional, desde o tempo do Cid Moreira.

Patrícia vai assumir outro projeto na Globo. Aguentou três anos. Dizem que apresentar jornal cansa muito e gasta a imagem. O apresentador é desafiado a dar uma notícia engraçadinha sobre a gravidez da princesa Kate e, logo depois, mostrar mais um jornalista degolado pelo Estado Islâmico.

Uma bancada de jornal só não cansa a Sandra e o Evaristo. É bom, depois do almoço, tomar um cafezinho com a dupla do Jornal Hoje. Você tem um leão pra matar, depois das duas da tarde. Mas antes tem a Sandra e o Evaristo.

Estes, sim, formam uma dupla. São divertidos, trabalham brincando e fazem trocadilhos ao vivo. Quanto mais babaca for o trocadilho, mais engraçado fica.

Gosto de duplas em que os dois parecem ter nascido juntos. Duplas nos passam a sensação de que nunca brigam, que convergem a respeito de qualquer assunto e que não competem entre si. Tudo engano. Duplas se envolvem em disputas cruéis.

Uma dupla não dura 10 anos. Quando dura, se mantém em nome da preservação de interesses comuns, o que é legítimo. Roberto e Erasmo fizeram dupla por uns 15 anos. Um dia saberemos o que cada um fez? Há quem diga que as melhores letras são de Erasmo. Detalhes seria dele.

Mas você entra no site de Roberto Carlos e há lá um espaço para perguntas. Ele já esclareceu que sorvete é a sobremesa preferida, que não está namorando a baiana Luciana Sobreira e que Detalhes e Eu te Amo Tanto são suas músicas preferidas.

Se Detalhes fosse mesmo de Erasmo, Roberto não diria isso. Ou diria? Eu já cheguei a imaginar o dia em que, cansado de ser o coadjuvante da história, Erasmo convocaria uma entrevista coletiva e diria: eu sou o autor de quase tudo o que Roberto cantou nos anos 70.

Há quem, na mesma linha, veja Erasmo como o verdadeiro poeta da dupla, e Roberto como o compositor de coisas mais óbvias, como Amigo, Jesus Cristo e tantas outras que vieram depois da extinção da dupla para comprovar que sua imaginação é mais ortodoxa.

Mas aí alguém pode perguntar: e por que Erasmo não continuou compondo coisas belas quando ficou sozinho? Porque Erasmo foi o mais abalado pelo fim da dupla.

William Bonner é o Roberto Carlos do Jornal Nacional. Faz dupla com quem quiser, ele é o cara. Deve ser dureza apresentar o jornal ao lado do moço, porque o tempo vai passando e ele não perde o jeito de guri.

Eu vi Bonner num momento ruim para todos, há um ano e meio, no ginásio de esportes de Santa Maria onde acontecia o velório coletivo de vítimas da tragédia na boate Kiss. É simpático, carismático demais, é o sobrinho que todo tio gostaria de ter.

Que faça uma boa dupla com Renata Vasconcellos, que vai deixar a dupla com Tadeu Schmidt no Fantástico e será substituída por Poliana Abritta.


Só espero que não mexam com a Sandra e o Evaristo. Era só o que faltava.

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