quarta-feira, 24 de setembro de 2014


24 de setembro de 2014 | N° 17932
OLHAR GLOBAL | Luiz Antônio Araujo

Damasco ri por último

Por mais que os Estados Unidos evitem dar a impressão de coordenação com o regime sírio no ataque ao grupo jihadista Estado Islâmico, o ditador Bashar al-Assad é o principal beneficiário dos bombardeios. A primeira vantagem é política. Desde o início da guerra civil, em 2011, Al-Assad havia acusado toda a oposição (e não apenas as organizações fundamentalistas, que não tiveram papel no início da rebelião) de terrorismo. É exatamente esse o motivo alegado para atacar o EI.

A segunda é militar. A esta altura, a cúpula do EI já se transferiu para lugar seguro, deixando para trás combatentes menos treinados, incluindo cerca de 3 mil europeus enquadrados na categoria de jihadistas das férias de verão. Não será difícil para o exército regular sírio recuperar o terreno perdido. As comunicações entre Damasco e a coalizão estão sendo feitas via diplomacia iraquiana.

O mais importante sinal de que o isolamento das forças em torno de Al-Assad começa a se atenuar foi o encontro entre os presidentes da França, François Hollande, e do Irã, Hassan Rouhani, durante a Cúpula do Clima em Nova York. Trocada em miúdos, a mensagem do francês foi de que toda ajuda contra o EI é bem-vinda.


Os destinatários do recado não são, evidentemente, os aiatolás, e sim aqueles que gostariam de ver o regime sírio e os jihadistas se exterminarem mutuamente.

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