21
de setembro de 2014 | N° 17929
PAULO
SANT’ANA
A delação
premiada
Estou
agora aqui escrevendo a minha segunda coluna depois da minha volta das
cirurgias.
E
constato que, até o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ter sido
pilhado em corrupção, nunca antes se havia topado com corrupção na estatal do
petróleo.
O
que quer dizer que ali onde menos se espera é que há um ninho de ladrões se
corrompendo.
Agora,
o ex-diretor da Petrobras corrupto foi levado a Brasília para depor no
Congresso. E lá se recusou a falar. Mas é lógico, ele já tinha falado para um
delegado federal e para um procurador em troca de delação premiada.
O
que iria ganhar para falar na CPI? Nada. Então, não falou.
O
negócio quente da delação premiada ele já tinha feito, era melhor não falar no
Congresso para não se complicar.
Paulo
Roberto Costa se corrompeu no governo Lula. Continuou como diretor de
Abastecimento da estatal no governo Dilma.
Mas
a presidente Dilma teve um cutuco e demitiu-o do cargo, sem alarde, sem
inquérito, mesmo porque então não se tinha descoberto nada contra ele.
E
agora, em seguida, estourou o escândalo.
Paulo
Roberto Costa, diz o noticiário, denunciou já 23 políticos envolvidos no
recebimento de propina em troca da delação premiada.
Ou
seja, havia corruptos de montão na volta da Petrobras, escondidos com a
aparência de honestos.
É a
tal coisa, se não se fizesse o acordo de delação premiada com ele, não se
descobririam os corruptos.
A
delação premiada é eticamente um trambolho moral. Mas em nome da apuração real
dos fatos ela é erigida. Engole-se assim a delação premiada como uma espécie de
útil falcatrua processual.
Em
nome dela, livra-se um dos indiciados e põem-se na cadeia aqueles que ele
delatou.
É
uma transação negocial altamente discutível no campo ético.
Paulo
Roberto Costa, como Eike Batista, terá que retornar à classe média. Como agora
estão-lhe sendo sequestrados seus patrimônios oriundos da corrupção, talvez ele
tenha que mudar de vida. Terá mesmo enriquecido com a corrupção e empobrecido
com a descoberta de sua infração?
Mas
será que está entregando tudo que roubou de volta para as autoridades? Ou
escondeu um pouco do produto roubado?
Nunca
se sabe...
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