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sábado, 6 de junho de 2009
Matheus Leitão
O capixaba que amava o mar
Leonardo Dardengo, 31 anos, estava no voo 447, rumo à França, por causa de seu doutorado em oceonografia
O oceanógrafo Leonardo Dardengo ao lado do sobrinho. No voo 447, voltava para França, onde fazia seu doutoradoMuitos motivos trouxeram ao Rio o doutorando Leonardo Veloso Dardengo, 31 anos. Um motivo o levava de volta à França: o oceano. Leonardo era oceanógrafo e para concluir seu doutorado, iniciado na UFRJ, fora morar em Toulouse, interior da França.
Desde dezembro de 2008, com mais da metade do curso realizado, desenvolvia uma pesquisa em um "doutorado sanduíche", por ser dividido em dois paises diferentes. Chegou ao Brasil há 20 dias com várias missões.
Participar de um congresso internacional em Paraty, fazer uma prova no Rio, conhecer o sobrinho recém nascido no Espírito Santo e oficializar o noivado com a publicitária Mariane Maciel em São Paulo.
A vida de Leonardo estava num daqueles momentos decisivos. No ano que vem, iria defender a tese de doutorado, mas estava tranquilo. Dois dias antes de viajar, sua proposta de tese havia sido muito elogiada pelos professores. Ele pesquisava a pluma do Rio Amazonas – quantidade de água do rio que é jogada no mar, suas implicações, qualidade primária dos nutrientes e impacto da pesca sobre a região.
A atual etapa do trabalho era basicamente feita por imagens de satélite. "Ele era muito querido aqui na UFRJ e em Toulouse. Um aluno animado, positivo, sempre com ideias. Um verdadeiro entusiasta sobre o Oceano. Estava muito bem profissionalmente e emocionalmente", afirma a co-orientadora da tese, Susana Vinzon.
Ironicamente, o curso, que amava, fazia dele o passageiro que mais entendia de mar, local onde o avião caiu com 228 pessoas a bordo. Leonardo estava radiante com um convite que havia recebido para dar uma palestra no Instituto Jacques Cousteau.
Capixaba, nascido em Vitória, ele foi criado no bairro de Bento Ferreira. "Ele era uma pessoa linda, extremamente inteligente.
Não posso acreditar", disse Christina Dardengo, tia dele, sem segurar o choro. Sua página no orkut tinha quase mil mensagens de apoio até o final da semana. Suas fotos, com amigos, parentes e com a prancha de surfe, esporte que adorava, tinham sido vistas por muitas pessoas.
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