domingo, 21 de junho de 2009


DANUZA LEÃO

"Sex and the City"

Aquelas quatro maluquetes que nos pareciam tão divertidas, hoje parecem quatro desvairadas

VENDO UMA foto de Caetano outro dia, reparei como o tempo tem sido gentil com nosso ídolo. Cada dia que passa Caetano está mais bonito, gatíssimo, palmas para ele.

Mas nem todos têm essa sorte. Quem acompanhou o seriado "Sex and the City" se apaixonou pelas quatro maluquetes que só pensavam em roupas, sapatos, bolsas e homens, e quem foi a Nova York na época certamente entrou num bar e pediu um Cosmopolitan, ou aquele estranho drinque azul que elas tomavam, se achando a própria Carrie.

Pois não houve, na época, uma excursão pela cidade que levava as tietes aos restaurantes e lojas frequentados pelas quatro? Quando a série acabou, foi uma desolação; o que íamos fazer das nossas noites de terça-feira? Mas a tristeza acabou acabando, foi feito um filme, e a vida continuou.

Mas eis que outro dia, buscando um programa para ver na TV, num horário pouco convencional, dei de cara com a reprise de um dos episódios.

Adorei, certa de que iria ter 30 minutos de divertimento seguro, só que não tive. Achei tudo muito fora de moda, mas me liguei no horário e, na semana seguinte, insisti. A mesma impressão, a mesma falta de graça. E cheguei à conclusão: "Sex and the City" envelheceu -e mal.

O seriado começou em 1998, nesses últimos dez anos o mundo mudou e vejo cada vez mais, em volta de mim, pessoas pensando e vivendo de forma diferente; consumindo menos, se vestindo de maneira mais simples. O que compram -quando compram- são coisas mais clássicas, mas que vão durar mais, portanto um investimento mais seguro -lembra que estamos em crise?

Sapatos Manolo Blahnik ou Jimmy Choo, salto 12? É claro que existem as que ainda acreditam, mas não se pode dizer que nos dias de hoje isso seja um sonho de consumo. Até é, mas para quem está ligada aos novos tempos, as prioridades são outras, e só não vê quem não quer.

E é por isso que "Sex and the City" perdeu seu ineditismo; aquelas quatro maluquetes que nos pareciam tão divertidas hoje parecem quatro desvairadas; com as cabeças cheias de nada, vestidas como loucas, carregadas de sacolas e pagando 800 dólares por um par de sapatos, isso já era. Apesar de serem aparentemente tão modernas, elas tinham em comum a procura tão antiga -e de maneira muitas vezes promíscua- de um homem que pudessem amar para sempre, nem que fosse só por uns tempos.

Pelas minhas contas, em 94 episódios Carrie deve ter transado com 90 homens diferentes -sempre fumando enlouquecidamente- e Samantha, com uns 150; até ela, que parecia só querer sexo (e quanto mais variado melhor), acabou se acertando e ficando com um homem só.

Será que a maioria das mulheres vai continuar sempre na mesma, querendo desesperadamente um homem, ou um dia vai mudar?

Porque o seriado acabou exatamente como os contos de fada de antigamente: cada uma delas encontrou seu príncipe encantado, com a esperança de serem felizes para sempre. Por tudo isso, mais palmas para Caetano, sempre a coisa mais moderna que existe no Brasil.

danuza.leao@uol.com.br

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