sexta-feira, 19 de junho de 2009



Crítica/"Tinha que Ser Você"

Drama romântico explora amor maduro

RONI FILGUEIRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Aos 38 anos e apenas um longa anterior no currículo, o inglês Joel Hopkins já diz a que veio em "Tinha que Ser Você" ("Last Chance Harvey"). E com o mérito de explorar um tema pouco visto nas telas, o amor maduro.

De quebra, ele reúne dois tarimbadíssimos atores para um improvável par romântico: Dustin Hoffman e Emma Thompson.
Hoffman interpreta o americano Harvey, pianista de jazz frustrado, na casa dos 70, que trabalha criando jingles publicitários.

A contragosto, ele viaja a Londres para o casamento da filha única, Susan (Liane Balaban). O reencontro o obriga a passar em revista os atos que lhe renderam a mágoa da ex-mulher (Kathy Baker) e o afastamento de Susan.

Nessa prestação de contas com o passado, o acaso o aproxima da inglesa cinquentona Kate (Emma Thompson). Dona de uma vidinha besta, cuja maior fonte de prazer são as aulas de literatura com um professor octogenário, ela gasta o tempo livre administrando os próprios acessos de pânico e tristeza, despertados pela solidão, e a neurose materna. Hopkins aproxima os futuros amantes sem pressa, num primeiro encontro espinhoso, que evolui com o tempo - principal combustível dos encontros verdadeiros.

O forte deste drama romântico são o trabalho de direção e a sofisticada criação dos personagens, nunca óbvio, e que têm à mão -coisa rara- diálogos feitos de carne e paixão. Hoffman, que volta a ser protagonista, depois de anos em papéis sem importância, ganha um personagem à sua altura.

Está ótimo como um cara que, aos 45 minutos do segundo tempo de um jogo quase perdido, aposta na mudança. Mas quem rouba os holofotes mesmo é Emma Thompson. Sua desengonçada Kate é tocante, de uma delicadeza e verdade constrangedoras em sua solidão e seu desespero contido.

Com vários prêmios em sua estreia ("Jump Tomorrow", 2001), Hopkins assina o roteiro, simples e ao mesmo tempo repleto de pequenos detalhes, que destaca tanto o ridículo quanto o sublime dos enamorados e ratifica o poder transformador do amor. O diretor-roteirista subverte os chavões do gênero, introduzindo elementos surpresa, que provocam ruídos quase sempre cômicos, esbanjando talento no manejo das ferramentas do cinema narrativo clássico. O filme é uma bela surpresa.

TINHA QUE SER VOCÊ

Direção: Joel Hopkins
Produção: Estados Unidos, 2008
Com: Dustin Hoffman, Emma Thompson
Onde: Cidade Jardim e Iguatemi Cinemark
Classificação: 12 anos
Avaliação: bom

Well, pelo menos já estou no aeroporto de Brasilia onde posto estas matérias, retornando para Porto Alegre - Durma bem e até amanhã

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