Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 20 de junho de 2009
Isabela Boscov
Entre irmãs
É difícil decidir quem está melhor em Há Tanto Tempo que Te Amo, se Kristin Scott Thomas ou se Elsa Zylberstein
O ELEMENTO ESTRANHO
Kristin: a coragem de repudiar toda simpatia
Em Há Tanto Tempo que Te Amo (Il y a Longtemps que Je T’Aime, França, 2008), que estreia nesta sexta-feira, duas irmãs se reencontram com o embaraço evidente dos há muito separados. Léa (Elsa Zylberstein) leva a mais velha, Juliette (Kristin Scott Thomas), para a casa em que mora com o marido, o sogro e as duas filhas pequenas. Recebe-a calorosamente, mas Juliette, cortante e com o aspecto de quem foi maltratada pela vida, não é um alvo fácil para a afeição.
À noite, depois de um jantar cheio de silêncios, o marido de Léa diz que não quer ter Juliette em casa – um desplante, já que Léa é tão atenciosa para com o sogro. Ocorre que Juliette não esteve em viagem, como mentiu-se às crianças: esteve presa por quinze anos, em razão de um crime impronunciável. Quando ela conta a um possível empregador – que sabe que ela é ex-presidiária – que crime foi esse, ele a enxota, chocado e repugnado.
Não é difícil entender sua reação; a partir daí, aliás, o espectador é que terá de lutar com esse dado acerca da personagem, que dará um novo significado a cada gesto seu e, principalmente, uma nova dimensão à lealdade de Léa: o que se tem aqui, afinal, é menos uma trama de suspense ou um drama sobre a volta ao convívio de alguém que é um corpo estranho, e muito mais a história do amor quase miraculoso de uma irmã.
Não porque seja cego, mas porque, como o diretor Philippe Claudel entende tão bem, é um sentimento forjado em outro tempo e preservado intacto, que a caçula Léa irá então racionalizar, dia após dia, na tentativa de recuperá-lo para o instante que ela e a irmã atravessam.
Claudel, que é professor de literatura e ele próprio escritor, domina com facilidade as convenções clássicas do romance – o segredo como o nascedouro do drama, o trajeto da distância à convergência (ou vice-versa) que os personagens têm de descrever.
Com tanta facilidade, aliás, que nem a explicação novelesca para o crime de Juliette subtrai de seu impacto. Mas o que de fato distingue seu filme é o trabalho extraordinário das duas atrizes. Kristin faz o que poucos intérpretes têm coragem de fazer, que é não apenas resistir a cortejar a solidariedade do espectador, como francamente repudiá-la.
Elsa se propõe uma tarefa ainda mais difícil: expressar maneiras de ser doce e maternal que advêm não apenas da índole, mas do pavor de se descobrir semelhante à irmã no íntimo – e, ainda assim, não ser menos genuinamente doce e maternal. A oportunidade de apreciá-las em um momento tão notável é o que de melhor o filme tem a oferecer
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário