segunda-feira, 29 de junho de 2009



29 de junho de 2009
N° 16015 - PAULO SANT’ANA


Quatro nádegas

Amaior frase de Shakespeare não é “o covarde morre mil vezes antes de morrer”.

A maior frase de Shakespeare é: “Não cabem quatro nádegas no mesmo trono”.

Esta frase de Shakespeare cabe perfeitamente na ânsia de afirmação com que se atiram os meus interinos nesta coluna, quando têm a oportunidade de escrever em meu lugar (querendo para sempre o meu lugar).

Esta frase de Shakespeare, de que quatro nádegas não cabem no mesmo trono, serve para mil situações.

Serve, por exemplo, para configurar a dualidade de poder existente no Internacional, onde Vitorio Piffero e Fernando Carvalho pretendem se eternizar no mando total do clube, exercendo-o simultaneamente, fingindo alternância no poder.

Só quero avisar que este estratagema de Piffero e Carvalho não vai dar certo, vai estourar, porque foi Shakespeare, um dos três maiores gênios da humanidade, que disse que não cabem quatro nádegas no mesmo trono. Vai estourar.

Se o Lula está planejando eleger Dilma Rousseff para exercer concomitantemente com ela os dois mandatos presidenciais próximos, vai acabar trombando com o gênio Shakespeare.

Para que os leitores tenham ideia da minha isenção, já que escrevi que no Internacional estão sentadas no trono há vários anos quatro nádegas, vou me ocupar também do Grêmio.

No Grêmio, o trono é ocupado por quatro nádegas há seis mandatos presidenciais, compreendendo quatro presidentes, dois deles reeleitos.

Em todos os seis mandatos com os últimos quatro presidentes, quem erigiu e/ou indicou os seus quatro sucessores foi Fábio Koff.

Ou seja, Fábio Koff exerceu conjuntamente o poder, por sua influência e vulto de maior presidente da história do Grêmio, dividindo assim o trono, veladamente, com Cacalo, Guerreiro, Obino e Odone, os quatro que sucederam a ele (Duda Kroeff não vale porque não se sabe ainda no que vai dar, desejo seu máximo sucesso).

E, como Shakespeare tinha previsto em sua frase colossal, o Grêmio deu no que deu nesses quatro mandatos citados, já foi uma vez para a segunda divisão (na primeira vez foi com Rafael Bandeira) e, apesar de ter sido vice-campeão da Libertadores com Odone na presidência, quando também voltou à primeira divisão, e tricampeão invicto em 1997 da Copa do Brasil, com Cacalo na presidência,

jamais nesse período de quatro presidentes associados no poder com Fábio Koff, sempre portanto nesses quatro mandatos com quatro nádegas no poder, chegou perto ou encostou na glória máxima de Tóquio, advinda com Koff na presidência, vindo neste período também a falir financeiramente, penando até hoje com times baratos e sem qualidade.

Não há dúvida de que, quando foi campeão mundial de clubes em 1983, só duas nádegas sentaram no trono, as de Fábio Koff.

Enfim, num plano rigoroso, quando sentaram quatro nádegas no trono presidencial gremista, o resultado, repito, no aspecto geral dos seis mandatos, foi trágico e desastroso.

Antes que me respondam com autoridade lá do Beira-Rio, adianto-me: não vale me mandar dizer que o poder exercido por quatro nádegas no trono do Inter deu-lhe o título mundial.

Não é verdade: em 2006, quando o Inter foi campeão mundial, só as duas nádegas de Fernando Carvalho sentaram no trono, Piffero era mero vice-presidente e, embora tenha todo o mérito, não dividia o poder presidencial com Carvalho, era apenas um aspirante à presidência.

Tenho outros mil exemplos de que, quando quatro nádegas sentam no mesmo trono, instala-se a tragédia no reino.

Por essa lucidez monumental do dramaturgo inglês, elejo finalmente William Shakespeare como o maior gênio de toda a história da humanidade.

No meu entender, neste trono de maior gênio do planeta em todos os tempos, ocupado por Shakespeare , não couberam nem cabem as duas nádegas de Sigmund Freud, sequer as duas nádegas de Leonardo Da Vinci.

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