Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 13 de junho de 2009
14 de junho de 2009
N° 16000 - PAULO SANT’ANA
A dor da partilha
Telefonou-me o Ibsen Pinheiro, o frasista, para não dizer mais, o pensador. E me disse que uma das mais antológicas crônicas que escrevi faz uns sete ou seis meses mais ou menos.
Não consigo me lembrar dessa coluna, mas o Ibsen diz que eu, nela, parecia ao leitor não ter assunto.
E me decidi por abordar o cotidiano, nos arrabaldes ou nas vilas, das pessoas banais, vulgares, simples, os joões-ninguém da vida, que no entanto oferecem aos outros esplêndidas lições de existência.
Mas que crônica terá sido esta que me passou despercebida?
Sabe algum leitor de alguma pista sobre este diamante que foi burilado pelas minhas mãos como se fosse uma joia falsa?
E, então, a conversa com o Ibsen foi derivando, durante 45 minutos, para a música popular brasileira.
Falamos em grandes versos de compositores, como aquele primordial verso do Chico Buarque de Holanda: “Te perdoo por te trair”!
E aquele outro do Lupicínio: “Quem nos vê brigar, quase a nos matar, há de pensar que esta louca não gosta de mim”.
E aqueloutro do Aldir Blanc: “Caía a tarde feito um viaduto/ e um bêbado trajando luto/ me lembrou Carlitos”.
Mas, na conversa que tive com o Ibsen, me esqueci do maior poema de despedida que já vi em toda a minha vida, o samba Partilha, criação de Roberto Ribeiro, com dois autores desconhecidos.
O casal está se separando e chega aquela hora em que tem de repartir as coisas da casa:
Já que não existe mais
Aquele amor tão profundo
O melhor que a gente faz
É dividir nosso mundo
Você fica com a vitrola
E os quadros da parede
Que eu fico com a viola
O meu samba e minha sede
Você fica com a gaiola
E o passarinho verde
Que em qualquer bico de argola
Eu penduro minha rede.
Você fica com as crianças
E com toda esta mobília
Que eu levo as esperanças
Que não cabem na partilha
Você leva as alianças
Que eu farei na minha ilha
Com a poeira das lembranças
O meu álbum de família.
E pra não dizer depois
Quando a febre for mais alta
Que esse amor não deu pra dois
Mas vontade é que não falta
O destino é que compôs
Esse drama de ribalta
No seu rosto o pó de arroz
No meu peito a cruz de malta!!!
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