segunda-feira, 15 de junho de 2009



15 de junho de 2009
N° 16001 - KLEDIR RAMIL


Chá

O chá é uma bebida preparada por meio da infusão de folhas, flores ou raízes. Existe chá preto, chá branco, chá verde. Chá de hortelã, de camomila, de boldo, de jasmim e até de bergamota.

Todas as culturas, através da História, adotaram a bebida. Há no Oriente a Cerimônia do Chá, um ritual iniciático de elevação espiritual. Na Amazônia, algumas comunidades misturam cipó Caapi com folhas de Chacrona e fazem um chá conhecido como Ayahuasca que, dizem, provoca uma expansão de consciência e revela uma outra dimensão da realidade.

Nós, os gaúchos, aprendemos com os índios guaranis a tomar o chimarrão. Preparado com a folha da Ilex Paraguariensis, o mate amargo não chega a abrir as portas da percepção mas, segundo o ditado popular, “é bom pras ideia e pras urina”.

De todas as tradições, o chá inglês é o que mantém o protocolo mais rigoroso. Deve ser bebido com um pingo de leite, pontualmente às 5h da tarde e com o mindinho levantado.

O jogador Adriano, quando abandonou a Inter de Milão, tomou um chá de sumiço no Rio de Janeiro e foi encontrado vários dias depois no Complexo do Alemão. Ao voltar pra casa, levou um puxão de orelhas de sua mãe com a recomendação: “Você tá precisando é tomar juízo”.

Alguns médicos e dentistas têm o hábito de dar um chá de cadeira nos pacientes. As mulheres, quando vão casar, fazem chá de panela. Depois fazem chá de bebê ou chá de fraldas. No Rio Grande do Sul, usamos a expressão chá de pera, para quem faz o papel de acompanhante de um casal de namorados.

Tia Hilda era irmã de minha vó Ramila e, como todas as mulheres da família, era forte, cheia de saúde e chegou quase aos cem anos de idade. Já idosa, com mais de 90, tinha uma receita infalível para qualquer tipo de enfermidade: chá de losna. Se alguém chegasse em sua casa reclamando de uma certa indisposição de estômago, frieira ou queda de cabelo, ela recomendava chá de losna.

Não só recomendava como imediatamente levantava e dizia: “Vou fazer um chá de losna pra ti, meu filho. Vai sarar na hora”. Ia até o quintal, passava a mão em qualquer capim verde que encontrava e jogava numa panela de água quente. Era um perigo. Corria-se o risco de tomar chá de urtiga. Ou mestrunço.

Cada vez que íamos visitar tia Hilda e ela perguntava pela saúde, eu me apressava em responder: “Estou ótimo, tia. Nunca estive tão bem na vida”.

Uma ótima segunda e uma excelente semana. Não são as respostas que movem o mundo. São as perguntas. E eu questiono por que tem que ser assim tão dolorido..?

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