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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
VONTADE DE PAGAR MICO
Eu nunca fui muito certo. Tem épocas em que entro num surto manso. Fico com uma vontade danada de pagar mico. Conto até 10 mil para escapar. Não consigo. Sou fraco. Caio em tentação.
É uma espécie de comichão frenética que me obriga a dizer coisas comprometedoras. Nada que ofenda o mundo. Mas coisas que podem comprometer a minha dignidade ou o meu senso de pudor e de recato.
Trocando em miúdos, sou acossado por um desespero incontrolável de fazer promessas capazes de me levarem ao ridículo absoluto. Neste momento, não consigo controlar a minha vontade de prometer o seguinte: saio pelado na rua se José Fogaça vetar a lei dos espigões aprovada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Acho que eu sempre quis sair nu pela rua e estou arranjando pretexto.
O Executivo municipal tem pressa na votação pela Câmara de Vereadores dos projetos envolvendo a construção da arena do Grêmio e a reforma do Beira-Rio. Sem isso, o sonho de receber jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre vai para escanteio. A Fifa, que manda no universo, fixou prazo para ter as suas exigências atendidas.
Os nossos excelentíssimos edis sabem disso e estão fazendo corpo mole. Só querem votar depois que a pendenga do Pontal do Estaleiro estiver resolvida. No popular, estão fazendo 'pressão'. Ou o prefeito José Fogaça sanciona logo a lei do Pontal, ou não tem Copa do Mundo.
O recado vale também para o Ministério Público Estadual. Se o MPE não largar o pé dos vereadores que aprovaram a construção de espigões residenciais na beira do Guaíba, exclusivamente por terem espírito progressista, ninguém vai chutar bola colorida em 2014, nestas plagas, na programação oficial da Fifa.
É pegar ou largar. Os vereadores garantem que não há clima para votação desse tipo de matéria no momento. Ainda mais que o Conselho Municipal de Meio Ambiente aprovou, por 11 votos a 5, moção aconselhando o prefeito Fogaça a vetar a lei do Pontal das janelinhas. O Comam entende que houve vício de iniciativa.
Esse tipo de proposta de lei só poderia partir do Executivo, nunca, como ocorreu, dos vereadores. O Comam vê também 'incompatibilidade do regime urbanístico proposto com a orla, que é considerada Área de Interesse Cultural e Área de Preservação Permanente'.
Andaram espalhando que o Comam apoiava o projeto. Não sei se a clareza é o forte nisso tudo, mesmo se uma das empresas por trás do projeto do Pontal do Estaleiro atua num ramo novíssimo pautado pela transparência. Talvez haja alguma confusão entre transparência e opacidade. Salvo se for aquele fenômeno interessante: clareza em excesso não deixa ver nada.
Não tem mais jeito. Sinto que vou fazer bobagem. É o meu destino. Está no meu DNA. Quero pagar mico. É irresistível. Repito e assino: saio pelado na rua se esta equação – Copa do Mundo = sanção do projeto Pontal – não der imediatamente os seus frutos.
Que jogadinha ensaiada! Um quer, o outro precisa. Um restinho de racionalidade e discrição me vem do fundo da alma insana. Saio peladinho da silva se Fogaça vetar a lei dos espigões.
Saio pelado mesmo, elegante, esbelto e solene como um porta-bandeiras num Sete de Setembro. Mas não digo em que rua nem a que horas. Nem por quanto tempo.
Nunca é demais proteger a retaguarda. Afinal, há sempre o perigo de um pontal ou de alguns espigões à beira do rio.
juremir@correiodopovo.com.br
Aproveite o dia - Uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana
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