A SAÚDE DO PRESIDENTE

Não há outra postura aceitável nesta hora a não ser a de desejar a pronta recuperação de Jair Bolsonaro, internado em São Paulo com um quadro de obstrução intestinal. Esta é a hora em que eventuais divergências e disputas ideológicas devem ficar de lado, abrindo espaço para a dimensão humana do drama por ele vivido.

Nesse contexto, são tênues os limites entre as vidas pública e privada dos presidentes da República. Essa fronteira é ainda mais delicada quando o assunto é saúde. As condições físicas e suas implicações no comportamento do chefe do Executivo têm um impacto direto na sua capacidade de agir e de decidir, tornando qualquer suspeita ou diagnóstico um tema de profundo interesse público.

Veio do círculo mais íntimo do presidente a revelação de que boa parte dos conflitos gerados por ele na semana passada, entre eles os xingamentos dirigidos a um ministro do STF e um palavrão como resposta a pedidos de informação da CPI da Covid, teriam, na raiz, um desconforto gerado pelo problema que determinou a sua hospitalização. Sabe-se que a Presidência da República, justificadamente, tem ao seu dispor, 24 horas por dia, uma estrutura de atendimento médico extremamente qualificada.

A pergunta que se impõe, agora, é por que providências não foram tomadas antes? Era visível, mesmo aos olhos dos leigos, a deterioração das condições de saúde de Bolsonaro. Durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul, no final de semana passado, seu semblante demonstrava um cansaço incomum, além dos constantes soluços que pontuavam suas falas.

Sabe-se que até mesmo os mais conceituados médicos não podem obrigar seus pacientes a se submeterem a tratamentos contra a vontade e compreende-se o temor de Bolsonaro quando o assunto é afastamento, mesmo que temporário, das suas funções presidenciais. Mas cuidar da saúde, no caso do chefe de um governo, não é uma questão apenas pessoal, e sim de profundos impactos coletivos, sejam eles políticos ou econômicos. Por isso, nessa hora, o Brasil deve torcer pela pronta recuperação do cidadão Jair Bolsonaro e, depois disso, pressionar para que ele, cada vez mais, cuide da sua saúde. Só assim, poderá cuidar de forma apropriada da saúde e do bem-estar de todos os brasileiros.

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