terça-feira, 20 de julho de 2021


20 DE JULHO DE 2021
ANDRESSA XAVIER

Os bons são maioria

Ninguém é de todo mal nem bom por inteiro. Até a pior pessoa em quem você está pensando agora (eu sei que está) faz alguma ação pelo bem de alguém. Não existem só mocinhos e bandidos, Ninas ou Carminhas, Nazarés Tedesco ou Marias do Carmo, para citar algumas das grandes personagens antagônicas de sucessos da TV. Será que existe gente tão má e outros tão bonzinhos? Sempre penso nisso. O Big Brother talvez seja mais parâmetro do que novelas para responder com base nos comportamentos. São pessoas presas numa casa, por meses, levadas ao extremo dos sentimentos. Todo mundo reconhece naqueles personagens alguém que faz parte da sua convivência. É certo que vai ter o puxa-saco, o barraqueiro, o intelectual, a planta? Estou aqui escrevendo e lembrando de nomes conhecidos meus que se encaixam nesses perfis.

A vida real é bem mais dura do que os estereótipos da ficção indicam. A pandemia conseguiu deixar tudo mais difícil. O vírus, o culpado, trouxe ligações e reuniões por vídeo intermináveis. Nos grudou nos grupos de WhatsApp. Nos ensinou algumas coisas na marra também e, principalmente, já levou mais de meio milhão de brasileiros que eram queridos por alguém. Isso dói.

Aos que sobrevivem, uma chaga já conhecida do Brasil: a desigualdade. Criou-se um abismo ainda maior. Escrevo aqui da minha posição de total privilégio, sei disso. Sei também que nunca vi tantas crianças nas sinaleiras pedindo comida. Há algumas semanas Gaúcha e Zero Hora mostraram algumas dessas histórias em reportagem do Vitor Rosa. A frase de um menino de rua segue ecoando na minha cabeça. Ele quer ser policial. Ou ladrão, se a primeira opção não vingar. O que nós como sociedade estamos fazendo por esse guri? Como garantir que ele não seguirá o caminho mais "fácil"?

Tenho deixado sacolinhas no carro com refeições práticas, como bolachas ou enlatados para quem não tem sequer fogão ou mesmo uma casa para preparar a refeição. Também faço doação de cestas básicas com frequência. Tenho certeza de que não estou resolvendo os problemas dessas pessoas, mas não tem preço ver o rosto de alguém com fome se iluminar de esperança com um pequeno gesto.

Cresci ouvindo dos meus pais que devemos fazer o bem sem mostrar pra ninguém. "Faz e pronto! Não precisa contar", eles sempre dizem. Só que algo mudou na pandemia. Acho que o exemplo arrasta mais gente para a solidariedade. Estamos precisando disso. Exemplos! Pessoas que vão lá e fazem, sem esperar dos governos. Pessoas que doam o que podem, do trabalho voluntário à oração, ou o dinheiro disponível, ou a roupa, o quilo de alimento. Não importa. Sempre tem alguém precisando.

Os bons são maioria. Os outros são a minoria barulhenta. Seja o bom exemplo pra alguém.

ANDRESSA XAVIER - INTERINA

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