quinta-feira, 22 de julho de 2021


22 DE JULHO DE 2021
NÍLSON SOUZA

Os jogos da coragem

Nada pode ser mais valioso do que a vida, mas ela só é digna de ser vivida quando faz sentido. Por isso, sou totalmente favorável à realização desses Jogos Olímpicos japoneses que estão começando num clima de medo e contrariedade. São sentimentos compreensíveis: estamos todos envolvidos nesta disputa de sobrevivência contra um inimigo insidioso e letal.

Ainda assim, seria injusto e insensato condenar uma geração de jovens atletas à frustração. Eles e elas chegaram ao auge de suas carreiras esportivas porque se dedicaram muito nos treinamentos e nas competições locais, certamente com incomensurável sacrifício. Ninguém conquista o direito de participar de uma Olimpíada sem privações e persistência. E, na maioria dos casos, trata-se de um momento único. Ou é agora ou nunca.

O mesmo tempo que vale ouro numa disputa olímpica costuma ser cruel com os habitantes deste país efêmero chamado juventude, e mais ainda com atletas de alta performance. Claro que há os longevos, que até melhoram com a idade. Mas são raros. A maioria chega lá no momento exato de flertar com a deusa Victória, que adora jovens, mas costuma ser volúvel. Hesitou, ela já sai de braços com outro.

Deixemos, pois, esses meninos e meninas curtirem a aventura de suas vidas - evidentemente que com todas as medidas preventivas de segurança recomendadas. Eles sabem e nós todos sabemos que existe risco. Certamente o vírus assassino vai estar lá, pois continua transitando por todos os lugares do planeta. Quando a gente pensa que já pode tirar a máscara, ele ressurge com outra identidade, quase sempre mais contagioso e mais aterrorizante.

Mas a verdade é que já começamos a recuperar terreno nessa batalha interminável, como demonstram nações adiantadas na imunização. Tudo indica que a humanidade encontrou a fórmula adequada para combater a pandemia: algumas doses de ciência, preparadas com o ingrediente ativo da bravura.

Nada mais apropriado para exprimir essa conjugação de virtudes do que uma competição olímpica no país da tecnologia e da disciplina. Que vençam os mais fortes, os mais rápidos e os que saltam mais alto.

Os corajosos já são vencedores.

NÍLSON SOUZA

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