quinta-feira, 29 de julho de 2021


29 DE JULHO DE 2021
PERIMETRAL

E o livro que estava aqui?

Um dos monumentos mais populares de Porto Alegre - as pessoas interagem com ele, abraçam, brincam, tiram fotos - está decepado há 14 anos. Cadê o livro que Carlos Drummond de Andrade, tão compenetrado, lia sob o olhar atento de Mario Quintana, na Praça da Alfândega?

A escultura de bronze foi inaugurada em outubro de 2001, em homenagem à Feira do Livro. São raras as obras públicas que se encaixam com tamanha singeleza na paisagem urbana: Drummond, em pé, e Quintana, sentado à vontade em um banco da praça, despertam simpatia enquanto levam a literatura para o meio do povo.

- Só que a literatura foi embora - observa Eloísa Tregnago, artista que produziu a obra com o lendário Xico Stockinger (falecido em 2009), a partir de uma encomenda da Câmara Rio-Grandense do Livro.

Seis anos após a instalação do monumento, segundo uma reportagem da Folha de S.Paulo publicada na época, o livro de três quilos que repousava nas mãos de Drummond foi furtado. O ladrão provavelmente serrou a escultura. Eloísa, anos depois, chegou a bancar os custos para repor a peça, mas não demorou para ela sumir outra vez.

A verdade é que a prefeitura, responsável pelos monumentos públicos, nunca se mexeu para resolver a questão. Mas o atual diretor de Patrimônio e Memória do município, Nelson Boeira, promete uma vistoria no local para encaminhar uma solução definitiva:

- Não queremos simplesmente recolocar o livro e, em seguida, ele ser furtado de novo. Mas isso precisa, sim, ser resolvido: é uma obra que faz parte da nossa vida social, da interação das pessoas com a cidade.

Eloísa se compromete, além de buscar um orçamento acessível, a repensar a forma como o livro era preso na escultura: a melhor alternativa, segundo ela, é garantir que a peça fique apoiada em uma superfície maior nas mãos de Drummond, o que dificultaria uma nova amputação. O desfecho, agora, está nas mãos da prefeitura.

PAULO GERMANO

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