Meninas voadoras
Os fortes e os rápidos que me desculpem, mas o maior encanto dos Jogos Olímpicos são aquelas meninas que voam sem ter asas e desafiam a gravidade sem sair da atmosfera terrestre, como virou moda agora entre os biliardários do planeta. Talvez elas nem sejam deste planeta.
Graciosas como borboletas ao sol, dançam com a leveza de bailarinas até que todos os olhos e respirações do mundo se concentrem em seus movimentos de notas musicais. Então, com a tecnologia de seus instintos, acionam músculos e tendões inexistentes em outros seres humanos e disparam desenfreadamente pelo tablado. Bólidos! Bolts! Parece que não vão parar mais!
E não param mesmo. Transformam-se em hélices, em drones, em andorinhas ensandecidas pelo prazer de ver a terra girar. Tocam no solo e sobem outra vez, como se tivessem molas em extremidades inimagináveis do corpo. Rodas-vivas. Roda mundo, roda-gigante, roda moinho, roda pião... Enquanto elas flutuam em alta velocidade, o tempo e os nossos corações param. Vai faltar pista para a aterrissagem. Não é possível.
É!
O redemoinho cessa de repente e os pés se cravam no solo como pedestais de monumentos à incredulidade. Com a delicadeza das fadas, elas então retomam a forma humana. Enchem o peito, erguem os braços e agradecem à deusa dos seres alados que lhes permitiu desenhar anéis olímpicos com piruetas de beleza e bravura. As meninas voadoras da ginástica não competem apenas por medalhas. Competem para mostrar à humanidade que coragem, disciplina e determinação funcionam como aquele pó mágico da história de Peter Pan - capaz de tirar qualquer um do chão, desde que se tenha pensamentos felizes.
É impossível não tê-los quando a grande família humana consegue superar terríveis adversidades para se reunir em paz e celebrar a vida. Voem alto, meninas! Vocês são pura poesia. E, como escreveu uma vez o maior poeta deste rincão distante, aquela que subir até o décimo segundo andar e retornar intacta ao solo terá o direito de se chamar Esperança.
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