O LADO B DO HOME OFFICE
A pandemia está fazendo escola para toda a sociedade. No caso das empresas e seus profissionais, ambos foram praticamente obrigados a aprender a trabalhar sob um novo formato, a distância, que, por um lado, é econômico sob vários aspectos, por outro, é frio e solitário. Nesse contexto, muitas empresas vêm sinalizando para a adoção de um modelo de trabalho híbrido, contudo, é necessário fazer aqui um alerta: o home office aponta para um futuro incerto na relação desses dois atores, porque existe uma prática nova que as empresas ainda não perceberam.
Em nossa condição de agência de recrutamento e seleção, temos observado atitudes de oportunismo e um apagão de lealdade das pessoas em relação ao trabalho. Isso é notado sobretudo durante as entrevistas de emprego, quando os próprios candidatos revelam que, em função do home office, trabalham para duas ou até mesmo três empresas. Ora, esse é um dado preocupante sob vários aspectos. Primeiro, isso pode causar algum conflito de interesses, mesmo que as pessoas não saibam. Segundo, o trabalho em geral pode ser prejudicado em função do limitado horário comercial. Terceiro, elas correm o risco de prejudicar radicalmente sua imagem e reputação no mercado.
Além disso, temos constatado grande dificuldade das empresas em trazer seus profissionais de volta para o trabalho presencial, fazendo com que abram vagas para substituição. Existem aqueles que se mudaram de cidade e aqueles que se acostumaram e passaram a preferir o teletrabalho. Entretanto, há de se destacar que, quem está presencialmente na empresa encontra-se totalmente dedicado e disponível, além de usufruir de um ambiente controlado. Quem está em casa precisa dividir a dedicação e a disponibilidade com as demandas domésticas e familiares. Notadamente, não é a mesma coisa.
De fato, os efeitos do trabalho a distância para nossa economia são nebulosos a longo prazo. A lealdade é uma via de mão dupla. Seja a empresa, seja o profissional, é necessário comprometimento dos dois lados. Se uma das bases do mercado é a confiança, esse é um valor que precisa estar em primeiro lugar.
FLÁVIO NASCENTE DOS SANTOS
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