quinta-feira, 15 de julho de 2021


15 DE JULHO DE 2021
ENERGIA

Equatorial apresenta plano de cem dias para a CEEE-D

Depois da aquisição da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), pelo valor simbólico de R$ 100 mil, a Equatorial demarca a sua entrada na Região Sul do país.

Reconhecida no mercado pela recuperação de ativos na cadeia de energia elétrica, a empresa não perdeu tempo e realizou a apresentação, ontem, do novo presidente da operação no Estado, Maurício Velloso, acompanhada do anúncio de um plano de recuperação inicial de cem dias e investimentos imediatos de pelo menos R$ 27,3 milhões em duas subestações.

A estratégia está centrada em 2,4 mil ações mapeadas em 50 áreas de atuação, com melhorias previstas para a gestão comercial, de clientes, operação e regulação. O objetivo é trazer resultados positivos para o equilíbrio financeiro, diante de um passivo avaliado em R$ 4,1 bilhões.

Agora, com a incorporação de 1,9 milhão de novos consumidores gaúchos de 72 municípios da Grande Porto Alegre e das regiões Sul, Campanha e Litoral, a Equatorial passa a atuar em 23% do território nacional com fatia de 7% do mercado de energia. Velloso conhece a praça. Engenheiro elétrico pós-graduado, ele ocupou posição de direção na Brasil Telecom, no momento da privatização da antiga Companhia Rio- Grandense de Telecomunicações (CRT), na década de 1990.

Equilíbrio

Um dos primeiros desafios do executivo será a necessidade de redução das despesas operacionais por consumidor em pelo menos 40%. Outro item no radar são as perdas geradas a partir das ligações irregulares, em quantidade considerada acima da média nacional.

- Vamos trabalhar forte para diminuir a despesa e trazer o equilíbrio da companhia para que ela possa alavancar investimentos necessários à manutenção e crescimento da concessão - disse.

Entre os principais problemas identificados na prestação de serviços está, justamente, a qualidade de fornecimento. Por isso, a meta é elevar em 50% os atuais níveis de investimento praticados pela CEEE-D, essencialmente, em automação e tecnologia.

Sem precisar o valor total, Velloso antecipa pelo menos dois aportes imediatos. Um, de R$ 18,8 milhões na construção da subestação 17 de Porto Alegre, para beneficiar 120 mil clientes. Outro, de R$ 8,5 milhões na subestação Salso, em Santa Vitória do Palmar, para garantir infraestrutura suficiente de irrigação e aumentar a produtividade do arroz na metade sul do Estado.

Além disso, dentro do planejamento de cem dias, estão previstas sete novas linhas de distribuição, 20 alimentadores, 87 mil novas ligações em rede e 208 quilômetros de rede de distribuição (confira quadro ao lado).

Por aqui, a entrada não deverá vir acompanhada de alterações na marca. O presidente da Equatorial, Augusto Miranda, garante que a ideia é manter o nome CEEE, já bastante conhecido pelos gaúchos.

Sobre a dívida com o fundo de aposentadoria dos funcionários, avaliada em R$ 2,3 bilhões, o maior passivo da companhia, Miranda afirma que é necessário inteirar-se do andamento judicial das ações, antes de se manifestar sobre o litígio, considerado pelo executivo, como "de maior complexidade".

Velloso, por sua vez, quando questionado, não descartou a possibilidade de mudanças no quadro de funcionários, via plano de demissões voluntárias.

- O desafio é buscar o equilíbrio e, para isso, precisamos ajustar a força de trabalho às reais necessidades. Vamos olhar o ciclo de vida de cada profissional no grupo. O foco é a recuperação da companhia - insistiu.

Fundada para participar de leilões de privatização do setor elétrico, na primeira metade dos anos 2000, a Equatorial tem operações em Alagoas, Maranhão, Pará, Piauí, Amapá e, agora, no Rio Grade do Sul. Além do setor de energia, atua em telecomunicações.

Leia entrevista com o novo presidente da CEEE-D na pág. 16

RAFAEL VIGNA

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