quinta-feira, 3 de agosto de 2017


Temer quer reconquistar mercado, acelerar reformas e manter PSDB

Adriano Machado - 13.jul.17/Reuters
Presidente Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
Presidente Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília

Ao barrar a denúncia de corrupção passiva feita contra ele, o presidente Michel Temer pretende reconquistar o apoio do mercado financeiro, fortalecer sua base de apoio para acelerar reformas e manter o PSDB ao seu lado.

Temer se reunirá na semana que vem com líderes governistas no Congresso para montar um cronograma de votação e discutir que mudanças na reforma da Previdência são possíveis de ser aprovadas no curto prazo.

A estratégia é enviar até o final de agosto o texto da reforma tributária, que tem menos resistência na Câmara e no Senado, e, na sequência, em setembro, colocar em votação a previdenciária. A meta é finalizá-las em outubro.

O peemedebista está estruturando ainda uma agenda de encontros com empresários e investidores para vender a imagem de que ainda tem força política para cumprir a promessa de realizar as reformas. O presidente quer aproveitar o que o Planalto chama de "onda positiva" com a derrota da denúncia da Procuradoria-Geral da República.

O entorno do peemedebista reconhece, no entanto, que o otimismo pode arrefecer com o impacto de uma nova acusação do procurador-geral, Rodrigo Janot, até o fim de agosto por obstrução de Justiça –sem falar na possibilidade de que duas delações em negociação, de Lúcio Funaro e Eduardo Cunham, possam atingir o presidente.

A estratégia, por ora, é usar o clima político favorável, apesar dos fatores que podem prejudicar a agenda do governo.
Pedro Ladeira/Folhapress
Câmara dos deputados durante votação que barrou denúncia de corrupção feita contra Michel Temer
Câmara dos deputados durante votação que barrou denúncia de corrupção feita contra Michel Temer
Temer assistiu à votação da Câmara no gabinete presidencial acompanhado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Ao longo do dia, recebeu 21 deputados governistas e oposicionistas e avaliou demandas apresentadas de última hora por parlamentares indecisos.
Escalado para fazer as negociações em plenário, o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que se licenciou temporariamente para reassumir o mandato na Câmara, manteve contato frequente com Temer.

Além de focar num calendário de votações, Temer cobrará fidelidade dos partidos governistas, além de discutir possíveis retaliações a deputados infiéis, exonerando indicados deles em cargos de segundo e terceiro escalões.

As trocas serão baseadas no placar da denúncia e feitas pela postura individual de cada parlamentar, não pelo posicionamento partidário. Os primeiros que devem ser chamados são do PSDB, PSB e PP.

O peemedebista quer manter, pelo menos por enquanto, a configuração atual de seu ministério, com a permanência de ministros do PSDB e PSB.
Em conversas reservadas, tem dito que a fidelidade dos ministros, que reassumiram mandatos parlamentares para votar contra a denúncia, será recompensada.

Com o remanejamento de cargos, o presidente tenta recompor a base aliada, que saiu da crise política menor. Pelos cálculos do Palácio do Planalto, o total de parlamentares governistas caiu de 411 para 370, o que coloca em risco a aprovação de medidas de interesse do governo.

Nos encontros na próxima semana, o presidente pretende ainda condicionar a continuidade do PSDB no governo ao apoio dele às reformas previdenciária e tributária, que devem se retomadas a partir do final deste mês.

Em esforço para reverter a baixa popularidade, que atingiu 5% segundo o Ibope, o presidente também quer retomar agenda de viagens pelo país para defender suas realizações à frente do Palácio do Planalto.


Nas palavras de um assessor presidencial, a ideia é vender a imagem de que Temer deixou de ser um "reformista" para se transformar no "presidente da travessia" e que entregará o país com taxas de crescimento a seu sucessor em 2018. 

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