16 DE AGOSTO DE 2017
OPINIÃO DA RBS
INGERÊNCIA DE RISCO
Por mais que, numa democracia, as decisões do Executivo precisem do aval do Congresso, uma crise fiscal tão grave como a que o país enfrenta hoje exige alternativas acima de tudo técnicas. Na revisão das metas fiscais, incluindo a decisão de elevar o déficit primário para R$ 159 bilhões neste ano e no próximo, anunciada ontem, há um excesso de ingerência de integrantes de partidos da base de apoio ao governo. A maioria deles está entre os que impediram na Câmara a investigação do presidente da República e agora cobram a fatura. O ônus fica com todos os brasileiros.
A área técnica do Planalto herdou um país em crise, superestimou as receitas e não conseguiu atuar como deveria no lado das despesas. Ainda assim, é quem tem competência e isenção para decidir sobre o que precisa ser feito para recolocar o país no rumo, sem pressões por parte de interesses ligados à campanha eleitoral.
Ao ceder em excesso à interferência de políticos na expectativa de continuar contando com seu apoio, o governo fez mais do que contribuir para o atraso na divulgação das medidas. Ajudou a colocar em risco algo muito sério, que é a credibilidade do país perante os investidores.
Nos últimos anos, o setor público brasileiro tem sido vítima de sucessivas crises fiscais justamente por excessos populistas na condução da política econômica. A solução para uma crise nas dimensões da atual depende da colaboração do Congresso, não de pressões por parte de quem insiste sempre apenas em levar vantagem.
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